Nenhum CNPJ vale um AVC: a importância de equilibrar vida pessoal e profissional

Em um mundo onde o ritmo de trabalho é cada vez mais acelerado e as cobranças se tornam incessantes, uma reflexão se faz necessária: até que ponto vale sacrificar a saúde pelo sucesso profissional? A questão não é apenas filosófica, mas um alerta para um problema real e crescente – o burnout.

O burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é uma realidade para muitos trabalhadores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ele é caracterizado pelo estado de exaustão extrema, tanto física quanto emocional, resultante de um ambiente de trabalho estressante e exigente. Estudos mostram que cerca de 32% dos profissionais no Brasil já sofreram de burnout, uma taxa alarmante que revela a urgência de abordar o assunto.

Muitas vezes, o sucesso é medido por ganhos financeiros e ascensão profissional. No entanto, de que adianta alcançar altos postos e salários se, em troca, o custo é a própria saúde? A pressão constante e o ritmo acelerado podem levar a problemas sérios que podem deixar sequelas permanentes.

Se a pandemia de COVID-19 trouxe o home office como uma nova realidade para muitos com vantagens como flexibilidade e economia de tempo, outros enfrentam desafios adicionais. A falta de separação clara entre trabalho e vida pessoal pode aumentar a sensação de estar sempre disponível, levando ao aumento da exaustão. Pesquisas indicam que cerca de 55% dos trabalhadores em home office relatam níveis elevados de estresse devido à dificuldade em desligar-se do trabalho.

Mensagens fora de hora pelos aplicativos de comunicação também contribuem para esse cenário. A expectativa de estar sempre conectado e disponível cria um ambiente onde o trabalhador nunca tem um momento de verdadeiro descanso. Essa invasão da vida profissional na pessoal é um dos grandes vilões da saúde mental moderna. A necessidade de atender prontamente a todas as demandas, mesmo fora do horário de expediente, impede a recuperação do desgaste diário.

Para evitar que o trabalho leve ao adoecimento, é essencial adotar medidas preventivas. Primeiramente, estabelecer limites claros entre o horário de trabalho e o tempo pessoal é fundamental. Aprender a dizer "não" e a delegar tarefas também é uma habilidade importante. A prática regular de atividades físicas e momentos de lazer ajuda a aliviar o estresse. Além disso, empresas devem promover ambientes de trabalho saudáveis, com políticas que favoreçam a saúde mental e física de seus colaboradores, incluindo pausas regulares e um volume de trabalho sustentável.

Outro ponto crucial é a busca por ajuda profissional quando necessário. Terapias e aconselhamento psicológico podem oferecer suporte essencial para lidar com o estresse e prevenir o burnout. Manter uma comunicação aberta com superiores e colegas sobre a carga de trabalho e dificuldades enfrentadas também pode ajudar a criar um ambiente de suporte mútuo.

Empresários e líderes também precisam estar atentos a esses sinais. A responsabilidade de criar um ambiente de trabalho saudável não recai apenas sobre os colaboradores, mas também sobre quem está no comando. Um líder que valoriza a saúde de seus funcionários estará investindo no bem-estar e na produtividade a longo prazo. Empresas com políticas de bem-estar e saúde mental tendem a ter colaboradores mais engajados e satisfeitos.

Precisamos refletir a respeito de tudo isso. Afinal, sucesso que custa a saúde deve mesmo ser considerado sucesso? O equilíbrio entre vida pessoal e profissional precisa ser buscado não apenas como uma meta desejável, mas uma necessidade vital. Cuidar da saúde física e mental não é opcional, é imperativo.

Ao final do dia, nenhum CNPJ vale um AVC. O verdadeiro sucesso é aquele que permite celebrar as conquistas sem sacrificar a saúde. Portanto, invista em si mesmo, estabeleça limites e busque um equilíbrio que permita viver e trabalhar de forma saudável e sustentável. 

Autor

Daniel Mossambani
CEO da Assessorarh, consultor empresarial, palestrante, mentor e articulista de O Regional.