Não muito longe de nossas casas
Enquanto vivemos nossos pequenos dogmas e reclamações diárias porque não temos transporte público suficiente e de qualidade; que os alimentos estão caros e que precisamos ganhar mais, não para nos alimentarmos melhor, mas para sustentar nosso vício em tecnologias cada vez mais avançadas, aparelhos de última geração, veículos potentes e modernos, deixamos de olhar para nossos vizinhos que agonizam de fome, sede e sem ter saneamento básico.
Milhares de pessoas no mundo se deslocam internamente por conta de problemas climáticos (seca ao extremo ou chuvas torrenciais, terremotos) o que se torna um fenômeno global ou por conflitos internos e busca pelo poder e domínio subjugando os mais fracos e oprimidos. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), quase três quartos dos deslocados internos do mundo vivem em apenas dez países. São eles: Síria, Afeganistão, República Democrática do Congo, Ucrânia, Colômbia, Etiópia, Iêmen, Nigéria, Somália e Sudão.
A entidade destaca que cerca de 182 milhões de pessoas enfrentaram níveis graves de insegurança alimentar desde o final de 2022 (República Democrática do Congo, Nigéria, Afeganistão, Etiópia e Iêmen as mais afetadas).
Outro fator a se levar em conta no mundo global é pensar que, na América Latina, inflação em elevação deixa governos frágeis e tornam o problema ainda maior. O dragão da inflação consome os parcos salários e soldos dos trabalhadores. Brasil terá uma média de 5,4% de inflação neste ano segundo analistas; México (5,3%); Colômbia (7,5%); Chile (5,6%); e Argentina, pasmem, 62%.
Enquanto uns consomem lagosta e caviar regada a champanhe, outros consomem arroz e feijão sem uma proteína animal. Não que seja necessária, mas muitos perecem de fome com grandes áreas em sua volta, mas improdutivas.
Às vezes, o problema da fome não é a falta de alimentos, mas a forma como é produzida e como nós aprendemos a consumi-las desde a tenra idade. Se os fast foods nos atraem e aumentam suas legiões de fãs na primeira idade e na juventude, os alimentos naturais e sem agrotóxicos deveriam também fazer parte de nossa dieta diária, mas, como equilibrar?
Por isso, não muito longe de nossas casas há alguém passando fome, basta abrirmos os olhos e enxergar a realidade.
Gregório José
Jornalista, radialista e filósofo
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