Na força do ódio

O amor move montanhas e o ódio também, quando bem aproveitado. Porém, o ódio tem uma reputação negativa quando comparado a outros sentimentos. Ele é menos aceito socialmente.

Todos nós vivenciamos sentimentos e emoções de vários tipos e lidamos com eles de maneiras tanto eficazes quanto ineficazes. O verdadeiro problema não é não sentir ódio ou raiva, e sim a nossa capacidade de reconhecer, aceitar e usar o que sentimos ao nosso favor.

Todas as emoções são apropriadas em determinadas circunstâncias, quando experimentadas em um nível ideal. A raiva nos lembra das nossas necessidades e direitos, impulsionando mudanças e fuga de situações destrutivas.

Quando estamos diante de um perigo, a raiva é ativada automaticamente, levando a reagir e a agir com rapidez e força para proteger o que é nosso. Isso explica o fato ocorrido nos EUA em 1982, quando uma mãe teve a força capaz de levantar um carro de 1.350 quilos para salvar o filho que estava embaixo dele. Pessoas que estão em relacionamentos abusivos, sofrendo com insultos, desrespeitos, injustiças, violências, traições e explorações, vencem o medo, a dependência, a submissão e a pena do abusador, usando sua força para buscar ajuda. Esse tipo de raiva pode trazer mudanças positivas na sociedade, como aquelas que foram conquistadas por Nelson Mandela em seus anos no governo.

Esse sentimento desperta a responsabilidade ao invés da impotência. Os indivíduos que o demonstram adequadamente estão em uma posição melhor para favorecer as transformações sociais, satisfazer necessidades e controlar o destino, diferentemente daqueles que o suprimem.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp