Na época que a Fonte era o centro

Era comum e moda no Brasil da década de 1950, que toda a cidade de porte médio, possuísse uma fonte luminosa, símbolo de progresso, luxo e modernidade.

Catanduva naquele momento, contando com 34.951 habitantes, não tinha ainda se preocupado com tal modismo, sendo que muitas outras cidades menores no período, já tinham erguido suas tão cobiçadas fontes. Por isso, Catanduva era considerada uma cidade atrasada.

Com o fim do grande conflito mundial, conhecido como a Segunda Guerra Mundial, que desde os anos de 1940 já tinha paralisado e deixado os investidores de orelha em pé, já que não sabiam o que podia vir por aí, mesmo com o fim da guerra em 1945, os ares de desenvolvimento e o respiro aliviado só foi sendo possível alguns anos mais tarde. E é lá por volta de 1950, que se acreditava que fossem tomadas providências em Catanduva para a construção de tal empreendimento.

Primeiras preocupações

Foi a partir de 1951 que começou se efetivar as primeiras preocupações para se construir uma fonte luminosa em nossa cidade. No ano seguinte, pelo expediente datado de 23 de dezembro de 1952, que se transformaria no processo legislativo nº 119/52, o vereador Luizino Tarcitano, fazia uma indicação à prefeitura para que se fossem efetuados estudos com a finalidade de vir a ser construída a tão almejada fonte.

Segundo artigo do professor Brasil Procópio de Oliveira, este relata que “(...) tendo decorrido o período administrativo entre 1952 e 1955, em que os senhores Ítalo Záccaro e Carlos Machado – políticos vinculados ao Partido Social Progressista – estiveram à frente do Executivo local, o sonho de muitos catanduvenses de também possuírem a sua fonte luminosa não havia ainda se transformado em realidade”.

Porém, com o advento das eleições de 23 de outubro de 1955, dois grupos em nossa cidade disputaram, assiduamente, a preferência do eleitorado: de um lado o PSP, que aspiravam permanecer no poder; e de outro lado, os elementos oposicionistas, que aglutinados em torno de vários partidos, desejavam reverter a situação a seu favor.

Conseguiu ser eleito para prefeito nessa eleição o Sr. José Antonio Borelli, que era da oposição do PSP, com mandato para exercer o poder de 1956 a 1959.

Vale destacar, no que se refere à fonte luminosa, a figura de Sebastião Pereira, que gozava de muito prestígio entre as classes mais populares, pois sempre defendera com muito vigor as reivindicações das classes menos favorecidas. E o mesmo Sebastião Pereira acabou sendo eleito vereador nessa gestão.

Sendo amigo pessoal de José Antonio Borelli, e com o cargo que agora estava ocupando, ele sugeriu para o novo prefeito a construção da mencionada obra, que acabou sendo incluída em seu plano de governo.

De acordo com o professor Brasil Procópio de Oliveira, “(...) ampla e total modificação veio a sofrer o nosso principal logradouro. Tendo recebido muitas críticas favoráveis e desfavoráveis.

Da feitura de sua planta, encarregou-se o Dr. Antonio Záccaro, Diretor do Departamento de Obras da Prefeitura. O traçado de suas ruas e o seu calçamento, com utilização de pedrinhas tipo mosaico português, executou-se o Sr. João Navarro, com auxílio de quinze trabalhadores. A pérgula foi, igualmente, empreitada pelo Sr. Aniz Zampieri”.

Conclusão

E foi apenas em 1959, que finalmente se deu a conclusão da tão almejada Fonte Luminosa. De autoria do pintor e escultor Orcar Valzacchi, o Executivo Municipal entregou aos catanduvenses a sua fonte luminosa. Vários elementos formavam o adorno da fonte, como esculturas de flores, sapos, lagartos, e seus delicados meninos fazendo xixi. E todos queriam prestigiar o novo monumento de Catanduva, onde se dirigiram para aquele lugar uma grande quantidade de pessoas.

E desde a sua inauguração, a fonte tem despertado a curiosidade e o encanto de todos aqueles que passam por ela. Cada prefeito deu-lhe uma cor diferente, com som ou não, com ou sem água.

Fonte de Pesquisa:

- Boletim Só 10, de junho de 2007, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

- Material consultado ano acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino

Fotos:

Foto de 1950 mostrando os belos jardins da Praça da República. O local era considerado um cartão postal de Catanduva

Foto de 1958, tirada da Praça da República, focando o local onde se começava a ser construído o Clube dos 300

Um dos cartões postais de Catanduva sempre foi a Fonte Luminosa. Nesta foto, datada de 1963, pode-se perceber a exuberância de suas águas

Foto aérea de Catanduva no ano de 1963, tendo como destaque central a Praça da República. Em seu canto superior esquerdo, destaque para o prédio da Drogasil

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.