Morte Morte Morte é um suspense irreverente e inteligente

Definitivamente o gênero terror entrou, em todas suas formas, na pauta atual do cinema mundial. O mais recente exemplo é Morte, Morte, Morte, em exibição no CineX, em Catanduva. Ele se junta a A Órfã 2 – A Origem e Sorria, produções de terror ambos ainda em cartaz na cidade.

Com público-alvo focado numa audiência mais jovem, o filme tem direção da holandesa Halina Reijn (Instinto), e é baseado num conto da escritora armênia-americana Kristen Roupenian. Tem a ambientação muito parecida com alguns slashers teen dos anos 1980 como Sexta-Feira 13 e Dia dos Namorados Macabro. A premissa é um grupo de jovens que planeja uma festa durante um furacão, numa mansão remota, enquanto um assassino começa a eliminá-los. O que começou como uma brincadeira juvenil se tornou muito sério: um sorteio do papel de assassino que precisa “matar” a todos os amigos enquanto estão no mesmo casarão escuro, uma sequência que se torna real e sangrenta. O filme é mais uma produção da A4, a mesma produtora de sucessos cults como Hereditário e O Farol. 

Bee (Maria Bakalova, indicada ao Oscar por Fita de Cinema Seguinte de Borat), é a mais confiante do grupo, da qual era a mais isolada, conduzida pela namorada rica Sophie (Amandla Stenberg, de O Ódio que Você Semeia). O humor é bem usado por Alice (Rachel Sennott), com os diálogos mais engraçados do filme. E mesmo usando dos clichês do gênero, o filme cria um clima cheio de tensão, com o público tenso em cada cena. Não por acaso, o filme já está sendo chamado de uma produção destinada à “geração Tik Tok”, referência ao popular aplicativo de vídeos curtos nos celulares.

Morte Morte Morte mistura diversos assuntos atuais, como gaslighting (uma forma de abuso psicológico com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria sanidade) e o complexo de superioridade, assuntos muito em voga entre os jovens. Estes assuntos formam o núcleo da trama e levam a situações inesperadas, tudo costurado pelo suspense.

Morte Morte Morte causa sustos ou arrepios, mas também mostra uma história irreverente e cheia de tensão, plausível de acontecer (com algum exagero) num grupo de amigos, mas levando ao extremo no uso de sangue e escuridão, lembrando clássicos do gênero como A Bruxa de Blair. Os últimos minutos de Morte Morte Morte são impactantes.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.