Marvel lança primeira super-heroína muçulmana americana

Lançada esta semana na Disney+, o primeiro episódio de apenas seis da nova série, Ms Marvel, tinha tudo para gerar polêmica. Com algumas diferenças, Ms. Marvel foi criada nos quadrinhos em 2013, pela editora Sana Amanat e a roteirista G. Willow Wilson, muçulmanas, que colocaram sua vivência nela, e os artistas Adrian Alphona e Jamie McKelvie. Foi a primeira personagem islâmica da Marvel a estrear seu próprio gibi.

O nome Ms. Marvel, já foi usado por outras heroínas, inclusive pela atual Capitã Marvel, com um filme de sucesso em 2019. Ao contrário do que esperavam muitos, que “quem lacra, não lucra”, o gibi se tornou um grande sucesso, com inúmeras reimpressões. A adolescente Kamala Khan, americana filha de pais paquistaneses, é nerd e sofre bullying na escola. Parecia resgatar a origem do Homem-Aranha de Stan Lee em 1963.

Kamala Khan (Iman Vellani) vive em Jersey City. é fã de super-heróis, em especial a Capitã Marvel. Ela também tem um blog sobre os Vingadores e sua luta contra Thanos, que abalou o mundo todo, e seu visual colorido domina a fotografia da série. A garota não se sente à vontade, na escola ou em casa, cujos pais, apesar de amorosos, são tradicionalistas. Seu grande sonho é participar da VingadorCon, fazendo cosplay da Capitã Marvel – para isso, conta com a ajuda de seu melhor amigo, Bruno Carrelli (Matt Lintz), que sabe mexer com todo tipo de gadget, para incrementar os “efeitos” luminosos da fantasia. Com a rejeição dos pais a que se exponha nesse tipo de evento, ela decide ir às escondida com Bruno. Kamala leva um bracelete típico mandado por sua avó do Paquistão. E é aí que a trama vira uma história de super-herói, quando o bracelete lhe dá os superpoderes cósmicos que, mais tarde, a levarão a adotar o título Ms. Marvel, herdado da Capitã.

É nesse ponto que a série mais se distancia da HQ. Nela, Kamala se revela uma Inumana e seus poderes são diferentes: ela estica e projeta partes do corpo, como mãos e pernas, numa metáfora do jeito “desajeitado” de ser dos adolescentes. A razão tinha a ver com direitos de cinema: os mutantes X-Men pertenciam à Fox e a Marvel não queria puxar a brasa para a sardinha do estúdio rival; a Marvel tentava promover os Inumanos, projeto que fracassou no cinema e TV. No fim, nem foi preciso: a Disney resolveu o problema comprando a Fox.

Além de caros para uma série, os poderes de Ms. Marvel também eram semelhantes aos do protagonista do Quarteto Fantástico, que veio junto no pacote da Fox. E o bracelete de Kamala a ligava diretamente à origem cósmica da Capitã Marvel.

Em 2023, veremos melhor isso, quando The Marvels juntará a Capitã Marvel (Brie Larson) e Ms. Marvel, além de Mônica Rambeaut (Teyonah Parris), que será a Fóton. Juntas, formarão um trio de mulheres superpoderosas e de origens étnicas bem diferentes. Com ou sem teorias de lacração.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.