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Existem músicas que marcam a trajetória do cantor. Ele se funde com a canção de tal maneira que fica difícil imagina-la na voz de outro. Há muitos casos curiosos a respeito.
Frank Sinatra, por muito tempo, encerrava seus shows com “My Way” (1968), uma versão em inglês de Paul Anka para a música francesa "Comme d'habitude" (1967). Sinatra, na verdade a detestava, mas era o seu maior sucesso. Foi sua canção mais vendida. Até que em 1979 mudou para “New York, New York”, música feita para Liza Minelli em 1977 como trilha sonora do filme homônimo.
Elvis Presley gravou mais de 700 músicas. Estima-se que vendeu um bilhão e meio de discos. Provavelmente o seu maior sucesso foi “It´s Now or Never” (1960), a segunda versão em inglês da canção napolitana “O Sole Mio” (1898). Ele dizia que se inspirou na gravação em italiano do tenor Mario Lanza. Das românticas, a mais lembrada é “Love me Tender” (1956), canção que empresta o nome ao seu primeiro filme.
Os Beatles são um caso à parte. Mais de mais de um bilhão de discos vendidos. “Yesterday” (1965) de Paul McCartney é o maior sucesso do conjunto. É a canção mais regravada da indústria fonográfica. Estima-se em torno de seis mil versões.
Tem também as músicas impossíveis de serem cantadas a não ser pelo cantor ou conjunto original. Eu não lembro de ninguém conseguir cantar Bohemian Rhapsody (1975) do conjunto Queen. Nem a canção tema do álbum mais vendido da história, “Thriller” (1982) de Michael Jackson, com mais de 150 milhões de cópias.
Existem casos em que o artista, em turnê, é obrigado a cantar determinada canção que fez sucesso em um país específico. É o caso de “Datemi um Martelo” (1964) com Rita Pavone. Fez mais sucesso aqui no Brasil do que em outros lugares. No entanto, não foi seu maior sucesso a nível mundial. Ela sempre atribuiu este posto a “Come Te Non C´È Nessuno” (1962).
Algo muito comum é quando, por mais profissional que seja o artista, ele enjoa de cantar a mesma música. Sente-se preso a ela. É o caso também de Madonna que detesta o seu maior sucesso, “Like a Virgin” (1984).
Neste aspecto, Sinatra, quando fez seus shows históricos no Brasil (1980 e 1981), foi obrigado a incluir a canção “Stranger in the Night” (1966) no repertório. Ele a considerava a pior canção que já tinha ouvido na vida. O pior para ele é que ela estourou no mundo todo e ganhou o prêmio Grammy. Esta música tinha também se tornado um hino da comunidade gay dos Estados Unidos. Na visão dele, isto era um problema. Mas todos pediam esta música nos shows. Não tinha como escapar.
Seria muito simplificador resumir a carreira destes cantores a uma ou duas canções, mas este é um fenômeno comum: músicas que acompanham a carreira de um artista por toda a vida, como uma espécie de assinatura intransferível.
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