Máquina de matar

O incidente recente em Catanduva, onde um motorista embriagado colidiu com um poste, é um doloroso lembrete de que, ao assumir o volante, o indivíduo assume a responsabilidade por uma máquina com potencial destrutivo imenso. A presença de latas de cerveja e destilados no veículo não é apenas prova de consumo, mas sim o combustível de uma decisão perigosa que coloca em risco vidas inocentes. Dirigir alcoolizado não é um mero deslize ou um erro de cálculo; é uma escolha deliberada de ignorar as leis da física e da biologia. O álcool atua como um depressor do sistema nervoso central, afetando drasticamente as funções cruciais para a condução segura: tempo de reação, coordenação motora, julgamento de distância e percepção de risco. O motorista embriagado, mesmo que se sinta "bem" ou "no controle", está, na verdade, operando com reflexos lentos e percepção distorcida. A comparação do veículo com uma "máquina de matar" é, infelizmente, precisa. Em alta velocidade, um carro se transforma em um projétil com massa considerável. A falta de inibição causada pela bebida leva o condutor a acelerar, desrespeitar sinais e ignorar pedestres, transformando um trajeto rotineiro em um cenário de potencial tragédia. A ausência de vítimas neste caso específico é um alívio, mas não anula a gravidade da infração e do risco criado. Para reverter essa estatística, é fundamental transcender a mera punição legal e focar na conscientização da responsabilidade. A política de base deve incluir a defesa intransigente da vida. A sociedade precisa internalizar que o ato de beber e dirigir é um atentado contra a coletividade, pois a verdadeira mudança reside na autodisciplina e no respeito ao próximo. A vida alheia não pode ser moeda de troca pela conveniência de não chamar um transporte alternativo ou deixar de circular enquanto não tiver condições para isso. A proteção da população depende dessa mudança de mentalidade.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.