Máquina de Café União

Desde que os portugueses chegaram em terras brasileiras, as principais atividades econômicas estavam totalmente ligadas à agricultura. De imediato, lá pelos anos de 1500, deu-se a extração da tão famosa madeira do pau-brasil.

Posteriormente, com a efetiva colonização, em 1530, várias foram sendo as inovações trazidas para o nordeste brasileiro para melhor se fazer o plantio e a extração da cana-de-açúcar, bem como desenvolver cada vez mais a produção de açúcar nos grandes engenhos.

Partindo do grande desenvolvimento da cana-de-açúcar, presenciou-se o grande ciclo do ouro e, posteriormente, iniciou-se o momento do café brasileiro, que no final do século XIX e início do século XX foi considerado como o ouro verde de nosso país.

História

A história do café teve início no século IX, sendo originário das terras altas do Quênia, difundindo-se para o mundo através do Egito e da Europa. Mesmo sendo primeiramente produzido nesta região, a palavra café não é originária de Kaffa – local de origem da planta – e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho, devido a importância que a planta passou a ter para o mundo árabe.

Já no Brasil, a planta foi introduzida no ano de 1727, por ação do sargento Francisco de Melo Palheta, que a pedido do governador do Estado do Grão-Pará, lançou-se numa missão de conseguir mudas de café. Para realizar o feito, o sargento dirigiu-se à Guiana Francesa e lá se aproximou da esposa do governador da capital Caiena. Quando conquistou sua confiança, conseguiu arrancar dela uma muda de café que foi trazida clandestinamente para o país.

Vale destacar que juntamente com o próprio desenvolvimento do café, estava se desenvolvendo no país grande parte das indústrias brasileiras, como também a preocupação de cada vez mais melhorar a vida urbana, tendo grande intervenção do Estado nessas questões.

Para poder dar conta de tanto café que vinha sendo produzido em nosso país, várias máquinas de beneficiamento de café foram sendo instaladas em nosso território.

Em Catanduva, várias dessas máquinas também foram instaladas, com destaque para a Máquina de Café União, de propriedade do Sr. Jocelyn Fernandes Lopes, inaugurada em 05 de agosto de 1951. O Sr. Jocelyn Fernandes era tão envolvido nos assuntos de café, que a população de Catanduva o chamava de Capitão do Café.

Jocelyn

Jocelyn nasceu na cidade de Santos, em 29 de abril de 1918, filho do Sr. Cordovil Fernandes Lopes e de dona Maria Coelho Lopes.

Após terminar os estudos no Ginásio Santista, Jocelyn se dedicou ao comércio, principalmente com café, obtendo grandes resultados desde o início.

Por meados dos anos de 1940, transferiu-se para Catanduva, época que já era uma grande autoridade nos negócios de café, se destacando dentro de nossa cidade. Daí a população colocar-lhe o apelido de Capitão do Café.

Além de comerciante, Jocelyn também era fazendeiro, proprietário da Fazenda São José, uma das mais progressistas da região naquela época. Também era maquinista, proprietário das

máquinas de beneficiamento de café Santa Helena e União. Esta última foi considerada uma das maiores máquinas de beneficiamento de café do continente americano, tendo parceria com a marca Colômbia. Por essa razão, Jocelyn sempre tinha grande participação nos eventos realizados em Catanduva, como por exemplo, patrocinador de competições esportivas ou como doador de prêmios em vários eventos.

Inauguração

A inauguração da Máquina de Café União se deu no dia 05 de agosto de 1951, sendo marcada por grande movimentação local, tendo a participação de não apenas cidadãos catanduvenses, mas pessoas de toda a região.

Muito antes da hora marcada, vários carros já iam chegando nas imediações das ruas Aracaju com Amazonas, onde se localizava tal estabelecimento.

A máquina era um dos maiores e mais modernos engenhos de café da região, ou como diziam na época, “maior de todo o continente”, com capacidade para 3.200 arrobas em 10 horas de trabalho.

Precisamente às 16h45, o Sr. Antonio Girol, gerente geral do Departamento de Compras da firma Jocelyn Fernandes Lopes, anunciou o início da inauguração com a bênção das instalações, que foi feita pelo padre Silvio Gasparoto.

Após o ato inaugural, o padre percorreu todas as instalações do estabelecimento dando a bênção, sendo logo em seguida passada a palavra para o jornalista Nair de Freitas, que fez grande discurso em homenagem ao proprietário.

Um dos momentos marcantes da inauguração foi quando o proprietário ligou a chave elétrica dos possantes motores, colocando em movimento a maior e mais moderna máquina de beneficiamento de café de Catanduva.

Fotos:

A inauguração da Máquina de Café União se deu no dia 05 de agosto de 1951, sendo marcada por grande movimentação local, tendo a participação de não apenas cidadãos catanduvenses, mas pessoas de toda a região

Muito antes da hora marcada, vários carros já iam chegando nas imediações das ruas Aracaju com Amazonas, onde se localizava tal estabelecimento

A Máquina de Café União era um dos maiores e mais modernos engenhos de café da região, ou como diziam na época, “maior de todo o continente”, com capacidade para 3.200 arrobas em 10 horas de trabalho

Além da Máquina de Café União, o Sr. Jocelyn Fernandes também era proprietário da Máquina Santa Helena, que ficava na Rua 7 de Setembro, nº 256, defronte ao Posto São Domingos. Fotografia tirada no ano de 1949

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.