Mal dos novos tempos
Vivemos na era da notificação constante. O cérebro, projetado para reagir a ameaças imediatas, é bombardeado diariamente por "ameaças" digitais e expectativas de desempenho perpétuo. A taquicardia, a tensão muscular e a dificuldade para dormir, citadas pela médica neurologista Simone Fernandes na reportagem que integra esta edição, são o corpo gritando por socorro antes que a mente consiga processar o estresse acumulado. Essa ansiedade excessiva é o preço que pagamos pela hiperconectividade e pela sobrecarga de escolhas e informações. Ela mina nossa capacidade de foco, rouba a tranquilidade e, se não controlada, pode levar a sérios problemas de saúde mental e física. Controlar a ansiedade não significa eliminá-la, mas sim gerenciá-la para que ela não nos gerencie. A ação deve começar no dia a dia, com desconexão programada e limites para o uso de telas, adoção de práticas simples de respiração, exercícios físicos regulares, foco no presente e, claro, validação e busca de ajuda quando for preciso. É preciso reconhecer os sinais — irritabilidade, esquecimentos — como o corpo pedindo ajuda e não hesitar em buscar o apoio de profissionais quando a emoção se torna um obstáculo intransponível. É preciso transformar a ansiedade de um tirano moderno em um sinal que, quando ouvido com atenção, nos guie para um viver mais equilibrado e consciente.
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