Mais um ataque a escola
Na manhã de ontem, dia 23, uma jovem de 15 anos morreu e outras duas ficaram feridas em um ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. O autor dos disparos, um aluno de 16 anos do 1º ano do Ensino Médio, foi apreendido pela polícia, assim como a arma do crime. No dia 24 de abril desse ano, o jovem havia registrado uma ocorrência, alegando ter sido vítima de agressões e ameaças. Foi o 11º ataque do tipo a escolas no Brasil, em 2023, comprovando que o país continua falhando no combate ao bullying e na proteção a alunos e professores. Para a advogada Ana Paula Siqueira, especialista em bullying e cyberbullying, o alerta feito em abril demonstra que a ausência de ações efetivas pode ter causado a tragédia. Ou seja, apesar do relato do problema, a situação continuou evoluindo até o desfecho fatal. O que se tem de semelhante com os casos anteriores é justamente o fato de muitos agressores alegarem vingança contra casos de bullying ocorridos anteriormente. Para a especialista, o bullying tem um efeito psicológico tão devastador sobre a vítima, que resulta, muitas vezes, em suicídio ou vingança. “E nesse sentimento de vingança, a vítima de bullying se torna algoz, cometendo esse tipo de ataque", diz ela, reforçando a necessidade urgente de que as escolas implementem as medidas previstas na chamada Lei do Bullying, como programas de combate e de cultura de paz. Ela defende, inclusive, a criminalização do bullying, conforme prevê projeto que está tramitando no Senado. Diante de mais um caso triste como o de ontem, a sociedade precisa cobrar um basta e ações efetivas que priorizem a segurança e o bem-estar dos alunos.
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