Mais amor, mais arte.

“Eu quero tocar as pessoas com a minha arte. Quero que eles digam: ‘Ele tem sentimentos, ele tem ternura'."

Vincent Van Gogh

Pintor holandês

Para nós, o ano de 2022 se encaminha para seu final com um sentimento de esperança. Foi um ano de retomada das apresentações presenciais e de intensas lutas, já que o repouso é a batalha, parafraseando o grande Miguel de Cervantes. A expectativa é que o futuro próximo seja de maiores investimentos, mais parcerias e a volta definitiva do público aos eventos culturais já que, em alguns setores, há pessoas ainda “enferrujadas”, que se habituaram aos eventos online.

Porém, de nada vale idealizar esse amanhã se ainda permanece o ódio.

Van Gogh, o grande artista holandês que inspira gerações e gerações, não só de artistas como das pessoas em geral, em seu universo íntimo de cores, imagens e sentimentos discordantes, sempre foi um alento e um norte para a Cia da Casa Amarela, seja por sua arte transformadora como também por sua biografia tão enriquecedora. Não aprendemos apenas com os homens aparentemente “bons” e “perfeitos”. O aprendizado é extraordinário também com os conflitantes, os inquietos e os “malditos”.

O pintor holandês resume tudo isso: um artista com biografia complexa – e polêmica – mescladas a atitudes humanas, sensíveis, solidárias e intensas de luz revolucionária. Neste exato ponto reside a epopeia humana em busca de felicidade, pois não a alcançaremos apenas na “calmaria” aparente, e sim na complexidade das relações.

Resta-nos, no entanto, entender que toda e qualquer motivação, ação e busca por essa felicidade só será possível com amor. Um sentimento profundo de empatia, de aceitação e entendimento humano, ainda que trafeguemos por discordâncias e embates de toda sorte, porém restará o sentimento, o amor, a ternura.

Quando lançamos os olhos atentos sobre a obra e vida de Van Gogh, descobrimos a ternura em suas pinturas, em suas cores, em seus traços. Há uma notável aflição, sim. Mas sua biografia nos revela um homem que queria amar e perpetuar o amor.

Não é disso que falamos há milênios? Não é a busca do ser humano? E o que a arte propõe sempre, em cada pincelada, fala, textos, linhas, palcos e notas? Um imenso amor à liberdade, ao autodescobrimento e a uma profusa rendição ao próximo, pois não há arte sem troca, sem o outro, sem a entrega.

Mais amor, menos ódio, ou não conseguiremos mais respirar. Não sustentaremos os discursos, os debates, a suposta convicção de nossas “verdades”.

Vamos cultivar e incentivar a Arte aos pequenos, aos jovens, a toda família, a toda sociedade. Obras que nos sensibilizem, que nos “tirem do chão”, ralo estar acomodado em antigas convicções, e troquemos amor! Amor-Vida, Amor-Cores, Amor-Transformação.

Agenda:

Neste domingo, a Cia da Casa Amarela inicia uma série de apresentações para encerrar as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, com a peça “No sopro do vento o lenço voa em tardes violetas de flores amarelas”, sobre Anita Malfatti. Serão apresentações nas unidades do SESC Jundiaí, Ribeirão Preto e S. J. do Rio Preto.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.