O conceito de Inteligência Artificial (I.A.) tem se tornado cada vez mais comum. Aplicativos criam imagens com base em prompts de texto, músicas são compostas, até reportagens e obras literárias estão sendo escritas por inteligências artificiais – ou aquilo que convencionou chamar como tal, uma vez que uma verdadeira inteligência artificial, a rigor, ainda não existe e, sim, uma simulação da mesma, por mais espantosa que possa ser sua interação com os humanos. No cinema, já faz tempo que esse conceito de ficção científica já existe, como em I. A. (2001) de Steven Spielberg, ou mesmo no HAL 9000 de 2001– Uma Odisseia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick.

Em exibição esta semana em Catanduva no CineX, M3gan tem críticas positivas e pretensão de ser uma nova franquia, como Chuck ou Annabelle, porém, com ciência ao invés do sobrenatural para assustar o espectador. O nome vem de Model 3 Generative Android (Androide Generativo Modelo 3), uma androide adolescente, quase humana, fabricada por uma indústria de tecnologia especializada em robôs.

M3gan pode ser vista também como uma sátira da tecnologia na sociedade de consumo atual. O filme começa com a propaganda de um pet eletrônico, controlado por um aplicativo, e que é tão “real” que imita um bichinho em tudo, inclusive come e faz “cocô”, mas sem as desvantagens de um animal verdadeiro.

Envolvida na construção de um novo produto, a engenheira robótica Gemma (Allison Williams) se vê às voltas com a guarda da sobrinha, Cady (Violet McGraw), cujos pais morreram num acidente de carro. Ela não tem muito tempo, então torna o dever algo útil ao seu trabalho: Gemma desenvolveu uma androide para cuidar da sobrinha, com a vantagem de que a Inteligência Artificial aprende com ela o que é ser adolescente. M3gan (vivida por Amie Donald, com o uso de máscaras para acentuar sua artificialidade, além de efeitos digitais) se aperfeiçoa sozinha, a partir do convívio com a jovem.

Candy estava deprimida desde a morte dos pais, mas com sua nova amiga reencontra a alegria, e uma grande amiga. M3gan leva seus protocolos de proteção à garota de maneira tão literal que logo passa a tratar qualquer coisa como uma ameaça potencial. Com inteligência artificial e sentimento algum, ela se torna uma boneca assassina.

Dirigido por Gerard Johnstone, e produzido por James Wan (o mesmo de Annabelle) o filme tem lances de comédia, embora não deixe o terror de fora. O modo de se mover, bem inumano e às vezes desarticulado, principalmente na hora de atacar, fez com que M3gan se tornasse um meme na internet, lembrado a dança da Wandinha ou o rastejar assustador da garota de O Grito. O filme tem um gancho já pronto para uma sequência.