Liberdade

Durante o lockdown, principalmente com a ascensão das mortes causadas pelo Covid-19, houve muitos clamores sobre o fechamento do comércio, uns pautados na prevenção da doença, outros mais eufóricos conclamavam a abertura, nem que parcial, já que a economia não poderia parar. Hoje, com a derrota nas urnas do Bolsonaro, uma ala mais extremista clama pela greve geral, mas... A economia não poderia parar ou é somente para validar um pensamento extremista?

O mesmo se dá quanto aos gritos de liberdade que as manifestações traziam e trazem. Diversas pessoas gritando palavras de ordem, pedindo intervenção militar, federal, que, por sinal, não tem base constitucional para tal, mas voltemos... Como fizeram esse pedido de liberdade? Cerceando a de todos com bloqueios nas rodovias, com paralizações e outros absurdos, gerando mal-estar até entre os apoiadores e muitos memes.

Levando em consideração as duas situações, vamos refletir um pouco, até onde o meu desejo, o meu querer tem a capacidade de afetar o do outro? Trocando em miúdos, não é porque meu candidato perdeu que irei afetar a liberdade de toda uma população. O pleito acabou e a vida vai seguir, com ou sem você fazendo manifestações. O que há de fato a ser feito é colocarem-se em uma posição de exercer uma cidadania ativa que cobre as promessas de campanha, não somente da presidência, mas do estado também, afinal, as cobranças devem ser feitas em todas as esferas. E sobre a cidadania ativa que citei, ela se dá no campo da legalidade, aceitando o jogo político, sem melindres.

Outro detalhe acerca da liberdade... Promover listas de comércios para boicotar não é exercer liberdade, é crime. Todos podem procurar qualquer local para fazer suas compras, claro, mas fazer isso de forma organizada a título de afetar negativamente um estabelecimento é absurdo.

Estamos vendo e vivendo um extremismo que em nada fortalece a democracia no Brasil e, mais, exalta comportamentos de ódio, de discriminação e violência que não podem ser perpetuados em uma sociedade plural e livre. Olhemos ao futuro, façamos nossa parte, mas seguindo a tão corriqueira fala de Bolsonaro “jogando dentro das quatro linhas da constituição”.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva