Leitura no Brasil

A edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura – a mais completa e aprofundada pesquisa sobre os hábitos de leitura do brasileiro foi lançada na última semana com a informação de que, nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país. O que chama a atenção, é que pela primeira vez na série histórica da pesquisa, a proporção de não-leitores é maior do que a de leitores na população brasileira, ou seja, 53% das pessoas não leram nem parte de um livro – impresso ou digital – de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa.

Ao se considerar somente livros inteiros lidos, no período de três meses anteriores à pesquisa, o percentual de leitores é ainda menor, no percentual de 27%. Livros lidos por vontade própria, inteiros ou em partes e de qualquer gênero, foram lidos por 43% da população brasileira com 5 anos de idade ou mais.

A média de livros lidos no período de três meses também diminuiu, de 2,6 para 2,4. Considerando apenas livros lidos inteiros no mesmo período, é de apenas 0,82 por entrevistado, o que é muito baixo. A média de livros lidos, que tinha se mantido entre as edições de 2015 e 2019, também diminuiu tanto no total da população com 5 anos ou mais como também entre os leitores. Essas reduções estão em sintonia com a piora nos índices de leitura.

O que chama a atenção é que entre todos os entrevistados, foram lidos total ou parcialmente, em média 2,04 livros nos três meses anteriores à pesquisa, enquanto a média na última edição era de 2,6 títulos. Acompanhando a queda no percentual de leitores no país, o número médio de leitores por gênero também caiu. Apesar disso, as mulheres continuam lendo mais que os homens.

Quando perguntado que são os modelos de influencia para leitura, os professores e as mães são apontados como os principais influenciadores do gosto pela leitura, num percentual de 15%, seguidos pelos pais com a média de 6%. Quando falamos especificamente do gênero literatura, o(a) professor(a) desponta como maior responsável por incentivar o interesse dos alunos (52%), à frente de filmes baseados em livros (48%) e a indicação de amigos (41%).

A pesquisa também mostra que as pessoas que têm o hábito da leitura fazem mais atividades diferentes no seu tempo livre, embora não necessariamente relacionadas ao livro. Na média, os leitores mencionaram 7,6 entretenimentos no tempo livre, desde uso da internet até frequência a bares e restaurantes ou mesmo ida a eventos culturais. Já os não-leitores apontaram uma média de 5,3 atividades, tendo maior percentual em relação aos leitores somente em ver TV.

Portanto, é necessário que se faça campanhas e que se utilize todos os meios de divulgação, para que o Brasil retorne a ter mais leitores na próxima pesquisa.

Autor

Davis Quinelato
Advogado em Catanduva