Krull

Um planeta distante chamado Krull é invadido por bandidos mercenários, comandados pela Besta. Para destruir os invasores e restabelecer a ordem, dois reinos rivais deixam os conflitos de lado e fazem um pacto de união.

Do diretor inglês indicado a quatro Oscars Peter Yates, de ‘Bullit’ (1968), ‘O fundo do mar’ (1977) e ‘O fiel camareiro’ (1983), ‘Krull’ é uma fita de aventura com ficção científica das mais estranhas do cinema, devido ao seu visual inusitado, com direção de arte surrealista, de lugares que parecem um sonho. Com roteiro de Stanford Sherman, especialista em filmes de ação e aventura com toques de fantasia, como ‘Piratas das galáxias’ (1984), é um filme marcante e nostálgico, com momentos ingênuos e sequências explosivas de ação, muito reprisado na TV aberta nas décadas passadas. O ator Ken Marshall fez somente cinco filmes e depois rumou para a TV, e aqui interpreta o personagem principal, o príncipe Colwyn; Lysette Anthony, de ‘Drácula, morto mas feliz’ (1995), é a princesa e par romântico do protagonista, e no filme temos ainda o veterano Freddie Jones, com um ancião bondoso e sábio, Francesca Annis como uma viúva negra que comanda uma aranha gigante assassina – numa das melhores cenas do filme, e rápidas participações de dois atores em início de carreira, Liam Neeson e Robbie Coltrane.

Tem toques de misticismo e fantasia, com cenas bem legais, como a já citada da aranha gigante assassina, o encontro com um cavaleiro ciclope, a armadilha de areia movediça, um mágico que se transforma em animais para se camuflar e a fuga da floresta amaldiçoada. E sobra para o final o confronto com a Besta, a criatura assustadora que mora numa nave que parece uma montanha de pedra, que aparece pouco e sempre com imagem distorcida e embaçada.

‘Krull’ veio numa safra de filmes de feitiçaria e aventura mística do início dos anos 80, como ‘O dragão e o feiticeiro’ (1981), ‘Excalibur’ (1981), ‘O príncipe guerreiro’ (1982) e ‘A lenda’ (1985) – que lembra bastante ‘Krull’. O visual é impactante, uma mistura de Idade Média com algo futurista, resultando num esplêndido choque visual, agora realçado pela imagem em bluray – o filme acaba de sair em BD em edição especial da Obras-primas do Cinema, na versão americana, com cinco minutos a mais que a de cinema – com 121 minutos totais. É um disco com luva, cards e 20 minutos de material extra, que vale apena ser conhecido.

Krull (Idem). Reino Unido/EUA, 1983, 121 minutos. AçAventuraão/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Peter Yates. Distribuição: Obras-primas do Cinema

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva