Kayara – A Princesa Inca

Não é comum vermos uma produção, animada ou não, vinda de países latino-americanos vizinhos, exceto, talvez, por nossos hermanos argentinos. No caso, Kayara – A Princesa Inca é uma coprodução peruana e espanhola focada na cultura da maior civilização das Américas antes dos europeus.  O filme está em exibição nas salas do Grupo Cine, no Garden Shoppin de Catanduva, ao lado de Capitão América: Admirável Mundo Novo, Fé Para o Impossível e Ainda Estou Aqui, na expectativa do Oscar.

O longa é dirigido por César Zelada e produzido pela Tunche Filmes, uma empresa peruana conhecida por seu compromisso em contar histórias que valorizam a cultura local. Kayara é dos mesmos produtores de Ainbo: A Menina da Amazônia (2021), outra animação que também explora questões culturais e sociais, principalmente a questão da destruição da floresta pela busca de ouro, mas nos tempos atuais. 

A história gira em torno de Kayara, uma jovem de 16 anos que deseja se tornar a primeira mulher a integrar o grupo exclusivo de mensageiros do Império Inca, os Chasquis. O Império Inca dominava praticamente metade da América do Sul, do Peru até a Argentina, dividida em quatro grandes províncias, com diversos povos submetidos em seu interior. Para manter a integridade do império, havia grandes estradas e trilhas percorrendo todo o reino, com os mensageiros a pé, correndo, e levando informações através dos “quipus”, cordões coloridos e cheios de nós, que transmitiam dados e informações, uma vez que não havia uma escrita, como os hieróglifos dos maias, no México e América Central. Os incas também não conheciam o uso da roda, nem cavalos, apenas as ihamas, como animais de carga Assim, pode se compreender a importância dos Chasquis, sua resistência e capacidade de correr, para o império.     

Filha do maior dos mensageiros, Kyara cresceu correndo mais que todos os meninos, mas mulheres não podiam ser Chasquis. Então, disfarçada, ela participa de competições contra homens para provar seu valor e capacidade e se tornar uma nova mensageira. Ao longo da trama, Kayara enfrenta desafios traiçoeiros e adversários desonestos, em terrenos traiçoeiros. Ela também ajuda na defesa contra a exploração de uma cidade desconhecida, enquanto salva seus amigos e familiares de ameaças inesperadas: a chegada de um perigo ainda maior vindo dos mares, os Conquistadores espanhóis. E para piorar, Kayara descobre que o próprio conselheiro do imperador tem planos para um golpe de estado, apoiado pelos invasores estrangeiros.

Seguindo a risca esse tipo de animação, Kayara tem amiguinhos fofos da fauna sul-americana para ajudar no alívio cômico. 

Como se vê, a animação aborda o tema do empoderamento feminino e igualdade de gênero, mostrando a determinação de Kayara em desafiar as normas sociais da época e sua cultura. Assim, o filme se liga a tantas outras animações mais famosas, recentes ou ainda em exibição como Moana, Mulan, Valente e Frozen, entro outras.    .

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.