Judas Iscariotes fez escola

 

Judas Iscariotes,  foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo que, de acordo com os evangelhos canônicos, viria a trair seu Mestre, denunciando-o aos sacerdotes judeus que ansiavam por sua morte. Ele era o único seguidor de Jesus não proveniente da Galiléia, e sim de Kerioth, na região da Judéia. Era também o mais preparado e por isso Jesus o nomeou tesoureiro do grupo. Há relatos históricos de que ele se utilizava desse dinheiro em seu benefício, conforme escrito na Bíblia em João 12:6 “Sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado.”

A versão mais comum, difundida nas Escrituras Sagradas, é a de que ele teria entregado o Messias em troca de trinta moedas de prata, possivelmente siclos, e não denários, como tem sido divulgado. Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus fora condenado, foi tomado de intenso remorso e devolveu aos chefes dos sacerdotes e aos líderes religiosos as trinta moedas de prata. E disse: “Pequei, pois traí sangue inocente”. E eles retrucaram: “Que nos importa? A responsabilidade é sua.” 

Então, Judas jogou o dinheiro dentro do templo e, saindo, foi e se enforcou numa figueira. Os chefes dos sacerdotes recolheram as moedas e disseram: – “É contra a lei colocar este dinheiro no tesouro, visto que é preço de sangue.” Assim, decidiram usar aquele dinheiro para comprar o Campo do Oleiro, para cemitério de estrangeiros.  Por isso ele se chama “Campo de Sangue”, como assim é conhecido o cemitério até os dias de hoje (Wikipédia – InfoEscola - biblegateway.com). 

O resto da história é por demais conhecida, principalmente pelo universo cristão e seria desnecessário reproduzi-la. Conquanto, trazendo a história para os dias de hoje, dela é possível observar que Judas fez escola transmitindo seus execráveis e abomináveis exemplos e  ensinamentos a muitos governantes e parlamentares brasileiros.

Judas era o tesoureiro do grupo de apóstolos e se locupletara desse dinheiro para o seu uso pessoal. Nossos governantes são os responsáveis pela arrecadação e aplicação do dinheiro público(leia-se nosso dinheiro) com a obrigação de devolvê-lo em serviços à população em geral. Os demais apóstolos confiavam no uso adequado do dinheiro do grupo, assim como nós contribuintes confiamos que o dinheiro arrecadado será bem empregado e jamais desviado, entretanto, isso não é o que ocorreu historicamente num grupo de apenas 12 pessoas e tal qual não ocorre nos dias de hoje com parte significativa dos nossos governantes.

A diferença é que, nos tempos de Jesus não havia a imprensa para denunciar e hoje os jornais não cansam de estampar manchetes noticiando todos os tipos de falcatruas e desvios de recursos públicos. Os escândalos de desvios na pandemia que o digam! O Judas, acólito, tesoureiro e ladrão, nesse sentido fez escola, não é mesmo? Mas, tem uma grande diferença que ao final será revelada. Falta ainda a comparação do Judas traidor. Esse Judas, infelizmente, está presente na índole e no caráter de muitos políticos do nosso país que, na busca pelo poder traem padrinhos (qualquer semelhança não é mera coincidência!), cospem no prato que comeram e, como se dizia nos idos tempos – vendem a mãe e não a entregam!

Ademais, traem principalmente o eleitor que o elegeu e acreditou nos seus propósitos e propostas, mas acabou desiludido com as inúmeras e incontáveis premissas falsas e falcatruas, concluindo que o seu elegido não perde a oportunidade de tirar vantagem em tudo e de todos, fazendo lembrar a famosa lei do jogador de futebol Gerson, cunhada para divulgar determinada marca de cigarros: “tire vantagem você também!”

Esse Judas, traidor e inescrupuloso está muito presente no seio da política do nosso país, mas há uma grande diferença – enquanto aquele, arrependido tirou a sua própria vida enforcando-se, aqui os judas déspotas e covardes da política tiram a vida de muitos pobres e desvalidos desviando recursos destinados principalmente à saúde. Essa é a grande diferença!  E, cada falcatrua é uma senha para arquitetar uma próxima e, assim sucessivamente.

O Judas que traiu Jesus, cumpriu a sina traçada nas Sagradas Escrituras. Os muitos judas da política brasileira seguem o antigo manual não escrito, mas muito conhecido, dos desonestos, dos corruptos e das pessoas abjetas, fazendo tudo às escondidas, procurando não deixar rastro e traindo a todos que nele confiaram. 

 

Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.