Ivanilton e Paulo

Acredito que o atento leitor nunca ouviu falar de Ivanilton de Souza Lima. Mas, certamente já cantou as músicas feitas por Michael Sullivan e seu grande parceiro, Paulo Massadas. Neste mês, completa-se 30 anos da separação deles. Amigável. Fato raro no meio. Massadas simplesmente cansou do ritmo forte de trabalho que a dupla mantinha.

Paulo Massadas (Rio de Janeiro, 1950) cresceu dentro da loja de discos do seu pai. Sofreu influência de diversas correntes musicais. Aos 22 anos entrou para cantar e tocar contrabaixo no conjunto de Lincoln Olivetti, famoso maestro, instrumentista e arranjador. Isso lhe deu outra pegada: a dos bailes de subúrbio. Tinha que tocar de tudo. Neste grupo, ele também conviveu com o baterista Serginho Herval, que viria a formar o conjunto Roupa Nova e com a cantora Rosana Fiengo (“Como uma Deusa – O amor e o poder”).

Michael Sullivan (Recife, 1950) começou sua carreira como cantor na “noite” aos 14 anos. Aos 17 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Travou conhecimento com grandes músicos, em especial com Hyldon (autor de “Na rua, na chuva, na fazenda – Casinha de sapê”), Cassiano (autor de “A lua e eu” e “Primavera – Cai chuva”) e Tim Maia (dispensa apresentações) que lhe ensinou a tocar violão. Passou por vários conjuntos. Os mais famosos foram “Renato e seus Blue Caps” e “The Fevers”. Fez parte da onda de músicos brasileiros que usaram pseudônimos em inglês e gravaram músicas neste idioma. Estourou com a música “My life”(1976), trilha sonora da novela global “O casarão”. Vendeu mais de um milhão de cópias.

Sullivan e Massadas se conheceram em 1978 e começaram a trabalhar juntos. O primeiro grande sucesso foi “Me dê motivos” (1983), na voz de Tim Maia. Até 1994 fizeram mas de 700 músicas e muitos sucessos gravados por muita gente, de todo estilo musical. Gravaram músicas deles: Gal Costa, Tim Maia, Xuxa, Roberto Carlos, Reginaldo Rossi, Roupa Nova, Fagner, Trem da Alegria, José Augusto, Joana, Alcione, Sandra de Sá, Demônios da Garoa e muitos outros.

Dentre seus sucessos, destacam-se “Lua de Cristal”, “É de chocolate”, “Parabéns da Xuxa”, “Amanhã talvez”, "Amor Perfeito", "Deslizes", "É de Chocolate", "Estranha Loucura", "Me Dê Motivo", “Retratos e canções”, "Um dia de domingo", "Talismã", “Uni-duni-tê”, "Whisky a go go", “Um sonho a dois”.

Pode-se dizer que a trilha sonora das décadas de 1980 e 1990 teve a marca deles. Suas músicas venderam mais de 60 milhões de discos, foram topo da parada de sucessos em mais de 60 países e fizeram parte de mais de 30 novelas. Sou taxativo em dizer que não existe um adulto brasileiro que não conheça pelo menos uma música da lavra deles. Foram sem dúvida, a dupla mais profícua do cancioneiro nacional. O que me fascina é que as músicas deles não envelhecem. Sorte a nossa!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.