Instalação da Fafica

Logo após a criação e a instalação da Faculdade de Medicina de Catanduva, aumentou a chama da busca para a instalação da Faculdade de Filosofia de Catanduva, que era o antigo desejo da cidade, embora contrariando a vontade de conhecidos latifundiários e impenitentes conservadores.
No diário local A Cidade, de 11 de março de 1963, lia-se em destaque a seguinte notícia: “Criada com o que se atendeu a uma das mais antigas aspirações desta cidade da região, voltaram-se as vistas dos nossos homens públicos para o objetivo consequente: a imediata instalação do importante instituto de ensino superior”.
Instado por uma comissão de políticos locais, o então governador Adhemar de Barros determinou que se providenciasse a imediata instalação da Faculdade de Filosofia, nomeando o seu primeiro diretor o Professor José Nagle, catedrático de Pedagogia da Faculdade de Filosofia de Araraquara.
Pronunciada a aula inaugural no auditório do Instituto de Educação Barão do Rio Branco, com grande alarido publicitário dos adhemaristas locais, a Faculdade de Filosofia, recém-criada, jamais foi instalada, ficando Catanduva desprovida de escolas de ensino superior pelo poder público, tanto estadual como federal.
Segunda tentativa
A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, como autarquia municipal, viria alguns anos depois, graças a atuação do prefeito José Antônio Borelli, seguindo a Faculdade de Medicina, que nunca teria sido implantada não fosse a insistência do saudoso Padre Albino.
Pela Lei Municipal Nº 972, de 29 de julho de 1966 e transformada em Entidade Autárquica Municipal, pela Lei Nº 803, de 02 de setembro de 1966, o então prefeito municipal José Antônio Borelli, criou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Catanduva, requerendo ao Conselho Estadual de Educação autorização de funcionamento de seus cursos programados: História, Letras, Geografia e Pedagogia, conforme Processo Nº 914/66, que teve como relator o Conselheiro Antônio Delorenzo Neto.
No seu longo e fundamentado parecer, argumentava, de início, aquela autoridade educacional que a “análise do conjunto de documentos [...] não demonstra cabalmente que a região possui condições materiais e culturais adequadas para o funcionamento dos cursos de Faculdade, e, sobretudo, de que tenham sido atendidas, de maneira satisfatória, as necessidades locais de ensino primário e médio”. Mais adiante, com relação ao corpo docente da faculdade, dos 22 professores indicados para as duas primeiras séries, “destacamos que apenas quatro poderiam ser aceitos para o exercício do ensino superior, docentes que são de outras faculdades: Lenício Pacheco Ferreira, Paulo Cretella Sobrinho, Paulo Henrique da Rocha Corrêa e Vicente Celso Quaglia. Os demais professores, eminentes por todos os títulos do ensino médio, não se apresentam com as condições de experiência e especialização exigida para o ensino superior”. E assim, acabou por julgar inoportuna a criação de uma Faculdade de Filosofia em Catanduva.
Terceira tentativa
Com a intercessão da professora Maria Amália Corrêa Giffoni, “(...)catedrática do Sistema Estadual de Ensino Superior Isolado, conhecedora da orientação do Conselho e colega de muitos Conselheiros no Instituto Histórico de São Paulo, admiradora de Catanduva, cujas possibilidades de cultura e progresso conhecia”, coube ao Conselheiro Carlos Henrique Robertson Liberatti exarar novo parecer, afinal aprovado pela Câmara do Ensino Superior e homologado pelo Conselho Pleno, na sessão de 20 de março de 1967.
Proferida a aula inaugural pelo Conselheiro Carlos Henrique Robertson Liberalli, no dia 23 de abril de 1967, a Faculdade foi autorizada a funcionar pelo Decreto Estadual Nº 47.886, de 07 de abril de 1967, reconhecida os seus cursos, posteriormente, pelo Decreto Federal Nº 68.187, de 10 de fevereiro de 1971.
Depois da instalação, que ocorreu em 09 de abril de 1967, o concurso de reabilitação se realizou, numa época, entre 15 e 21 de abril, com a aprovação de 191 candidatos: 57 para o curso de História, 40 para o curso de Geografia, 54 para o curso de Pedagogia e 40 para o curso de Letras.
A Congregação Nossa Senhora do Calvário que acolheu a Fafica nascente, com tanto desvelo e desprendimento, em seu amplo prédio e com todas as suas magníficas instalações, facilitou o esforço inicial de organização e funcionamento da parte do primeiro quadro administrativo. (Continua na próxima semana).
Fontes de Pesquisa:
- Jornal A Cidade, de 11 de março de 1963.
- Livro A História de Catanduva de A a Z, de autoria de Vicente Celso Quaglia.
Fotos: Irmã Raquel, Borelli, Pedro Soto, Paulo Henrique, Édie Frey com a ata da fundação da Fafica
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