Insônia

Dupla de detetives do departamento de homicídios de Los Angeles viaja a uma cidadezinha do Alaska para investigar um homicídio. Durante a caçada a um suspeito, o investigador Will Dormer (Al Pacino), que sofre de insônia, atira e mata seu parceiro acidentalmente. Com um álibi nas mãos, não conta a verdade para a polícia e tenta encobrir seu envolvimento na morte, afirmando que o colega foi morto pelo tal suspeito do homicídio. Entra em jogo a policial Ellie Burr (Hilary Swank), designada para auxiliar no caso, e enquanto as investigações avançam, a farsa de Dormer começa a desmoronar. Em meio a isso tudo, o suspeito do homicídio, Sr. Finch (Robin Williams), passa a ser procurado e se isola numa vila remota de pescadores.

Depois do cultuado filme experimental de crime ‘Following’ (1998), o diretor inglês realizou uma estrondosa e enigmática fita de suspense que chacoalhou a crítica, abrindo os olhos do público para um novo tipo de cinema, ‘Amnésia’ (2000). Nolan consolidaria sua carreira nesse terceiro longa-metragem, ‘Insônia’ (2002), um suspense policial remake de um instigante neonoir norueguês exibido em Cannes. O roteiro é uma adaptação feito por uma mulher, Hillary Seitz, que reescreveu o original de 1997 dos escandinavos Erik Skjoldbjærg e Nikolaj Frobenius. Seitz manteve o thriller e as reviravoltas e inseriu alguns ingredientes a mais.

O diretor recriou o tom sombrio de investigação do anterior, e agora a história se passa no extremo norte do Alaska, onde também ocorre o solstício de verão, em que por muitas semanas o dia cobre a noite – no original a trama é no solstício da Noruega.

Nolan esticou a história, que tinha 96 minutos e agora passa a 118 minutos, mais explícito, violento e trágico que o original. Al Pacino substitui Stellan Skarsgård, sempre com cara de sono, um detetive que não consegue dormir, ainda mais no verão do Alaska em que as noites não existem, e a claridade se estende por 24 horas – vejam o trocadilho do sobrenome dele, ‘Dormer’. Numa das cenas marcantes, ele tem de tapar as janelas com cobertores para o quarto ficar escuro e assim, quem sabe, poder descansar. Ele é um detetive que mata acidentalmente seu parceiro quando sai na busca por um suspeito do homicídio que investiga. Para não assumir a culpa, planta pistas e elementos falsos no caso, tentando despistar a polícia, até que será surpreendido por uma astuta policial que entra no caso – papel de Hilary Swank. O filme tem tensão crescente, reviravoltas marcantes e uma fotografia demolidora no gelo do Alaska – o filme foi rodado no Alaska e na Columbia Britânica no Canadá, por dois meses durante a primavera, que é sempre gelada nessa região. O elenco dá um show à parte, com Al Pacino liderando, Hilary Swank como uma boa coadjuvante como contraponto do protagonista, na época recém-ganhadora do Oscar por ‘Meninos não choram’ (1999), e participação especial de Robin Williams, como o vilão – ele aparece depois de uma hora de filme, e no mesmo ano, 2002, fez outro filme sinistro de suspense, ‘Retratos de uma obsessão’ (2002), saindo da curva, dos filmes de comédia.

O filme abriu no Festival de Tribeca, depois passou em Locarno, e foi distribuído mundialmente nos cinemas, sendo um dos grandes trabalhos de Nolan. Depois de ‘Insônia’, o diretor deu nova dimensão para o universo de Batman, fazendo a trilogia composta por ‘Batman Begins’ (2005), ‘Batman – O cavaleiro das trevas’ (2008) e ‘Batman – O cavaleiro das trevas ressurge’ (2012), ganhando espaço em Hollywood. E não parou mais, com seus filmes intrigantes e complexos, de ‘A origem’ (2010) ao recente ‘Oppenheimer’ (2023), que puxa público às salas. Em março desse ano ganhou dois Oscars, de direção e melhor filme por ‘Oppenheimer’ (2023) e recebeu das mãos de Rei Charles III o título de Sir, pelos serviços prestados ao cinema.

Insônia (Insomnia). EUA/Reino Unido, 2002, 118 minutos. Policial/Suspense. Colorido. Dirigido por Christopher Nolan. Distribuição: Classicline

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva