Indústria da multa
Estamos acompanhando a instalação de novos radares na rodovia Washington Luís e outras estradas da região. De acordo com a concessionária EcoNoroeste, serão 45 equipamentos com início de operação até novembro, contemplando a Washington Luís (SP-310), Brigadeiro Faria Lima (SP-326) e Carlos Tonanni, Nemésio Cadetti, Laurentino Mascari e Dr. Mario Gentil (SP-333). Somente no trecho da Washington entre Catanduva e Rio Preto serão 11 pontos de radar. Os equipamentos serão fixados em Rio Preto (2), Cedral (3), Uchoa (2), Catiguá (2) e Catanduva (2), sem contar outro em Mirassol e mais um em Pindorama. A aposta do governo Tarcísio de Freitas é um tanto quanto estranha, se pensarmos que ele advém da gestão do presidente Jair Bolsonaro, que prometeu em sua campanha de 2018 acabar com a “indústria da multa”, eliminando radares controladores de velocidade – e assim fez, cancelando a instalação de novos aparelhos nas rodovias federais. Na contramão dessa visão, o governo estadual espalha os novos equipamentos pelas estradas, provavelmente alicerçado no discurso de que isso aumentará a segurança dos condutores e evitará acidentes. Sob vários aspectos, esses argumentos relacionados à educação do infrator e à redução de mortes parecem falaciosos. Ainda que os eletrônicos possam contribuir para a fiscalização, não podem ser o principal elemento. Tanto que é bem comum que motoristas infratores excedam os limites de velocidade, reduzindo-a apenas no trecho fiscalizado pelo radar, ou seja, o espírito não é evitar o risco de acidente, mas sim evitar a multa. Há quem defenda também que a função pedagógica do radar só ocorre com a presença da autoridade policial abordando o condutor logo depois do fato, pois quando o infrator recebe a multa em sua casa semanas após o ocorrido, sequer lembrará da imprudência. Se for lembrado pelo registro fotográfico, pouco mudará, restando a indignação pela multa a pagar. Dessa forma, o radar por si só, solto às margens das vias, talvez sirva somente para multar.
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