Inauguração da boate do Clube dos 300
“Tiveram os trezentinos uma noite de indescritível beleza! A nova sociedade recreativa da cidade promete, pela amostra apresentada, iniciar uma fase nova na vida social da cidade feitiço. O majestoso clube será inaugurado em fevereiro de 65, com sensacional baile que contará com a famosíssima Orquestra de Coral e Cordas de Waldemiro Lemke”.
Era com essas palavras que uma reportagem da Revista Feiticeira, de 1984, começava a descrever a inauguração da boate do até então não inaugurado Clube dos 300, em 14 de novembro de 1964.
A inauguração da boate dos 300 era um acontecimento há muito aguardado pela sociedade catanduvense e se constituiu de uma festa do mais alto gabarito dentro de um padrão de requinte, elegância, graça e beleza. “Um desfile soberbo de riquíssimos”, trazia a notícia, que dava um prazer especial à Catanduva “(...) pela exuberância da belíssima juventude catanduvense, que predominou em toda a linha no magnífico salão da mais nova e garbosa sociedade recreativa da cidade”.
Inauguração
O ato inaugural, que foi marcado por graciosa simplicidade, contou com a presença de associados, autoridades, membros da diretoria, em especial a diretora social, Sra. Tuzinha Rezende, bem como elementos da imprensa escrita e falada. O dinâmico presidente da entidade trezentina, Sr. Pedro Nechar, juntamente com sua esposa, Sra. Isis Tabith Nechar, proferiu o deslaçamento da fita simbólica, realizando um rápido improviso no qual agradeceu a presença e a colaboração do corpo diretivo, em especial à diretora social, que com tanto carinho tratou da “operação inauguração”, cujo êxito já considerava certo.
Sarau dançante
Em seguida, iniciou-se o grandioso sarau dançante, sob o comando do Conjunto de Waldemiro Lemke, que foi um espetáculo à parte. O conjunto era considerado um dos melhores conjuntos musicais do Brasil e um dos mais fantásticos que se apresentaram em nossa cidade.
O amplo salão apresentava-se super lotado, magnificamente decorado, com suas cadeiras e mesas em amarelo, ornamentadas com belíssimas flores de Brasilia. O esplêndido jardim de verão decorado em tonalidade verde, contrastando deliberadamente com o azul da sacada onde se destacavam belíssimos vasos de cerâmica enfeitados com lindas flores da Floricultura Jundiaí, a cargo do Sr. Walter. Em todo esse ambiente decorativo, notava-se o “dedo mágico” de Dona Tuzinha, evidenciando o seu indiscutível bom gosto.
Outro ponto que recebeu grandes elogios foi o restaurante da boate, que contou com cozinheiro internacional sob a direção de seu proprietário, o Sr. Jamil Nechar.
Em grande animação, o sensacional baile prolongou-se até às cinco horas da manhã seguinte, sempre dentro de uma linha admirável de entusiasmo e alegria, satisfazendo plenamente a família trezentina, que aguardava, na época, a inauguração de seu magnífico clube, cuja data estava determinada para 7 de fevereiro de 1965.
Pela festa preliminar, ou seja, a inauguração da boate, agradou todos os catanduvenses ali presentes, e já deixava a impressão de que a inauguração do clube seria espetacular sob todos os aspectos, mesmo por que, a várias vezes premiada Orquestra de Coral e Corda de Waldemiro Lemke estaria presente, trazendo para Catanduva toda sua imensa bagagem de fama e prestígio nacional.
“De parabéns a coletividade trezentina. De parabéns o seu valoroso presidente, Sr. Pedro Nechar, e seus eficientes colaboradores pela grandeza do empreendimento que vem dar à nossa cidade mais um elo vigoroso na formação da corrente poderosa do progresso”, salientava a já citada revista.
Vale lembrar que o Clube dos 300 foi inspirado e coordenado pelo Sr. Elias Nechar, fundado em 15 de dezembro de 1957, por um antigo grupo de cidadãos, e se localiza na Praça da República, 55, no centro de Catanduva.
Dona Tuzinha
Uma das figuras mais conhecidas no meio social da década de 50 e 60, foi Maria José Corrêa de Rezende, mais conhecida, como Dona Tuzinha. Nascida em Santo Antonio da Alegria, atual Cuscuzeiro – SP, em 15 de agosto de 1913, iniciou suas atividades como promotora de eventos, sempre dando tom especial nos eventos que produzia. Ganhou projeção realizando a Campanha da Roupa Branca, para a Santa Casa de Misericórdia, e, durante as décadas de 50 e 60, promoveu os Bailes de Debutantes, Banquete do Café, Desfile Clipeer, Baile Desfile Paramount, Campanha dos Cafés Finos, Festa do Milho e os concursos de Miss Catanduva e de Rei e Rainha do Carnaval, sendo, também diretora social do Clube dos 300. Faleceu em Catanduva, em 13 de junho de 2002.
Waldemiro Lemke
O grande nome de destaque no que diz respeito ao repertório musical da noite de inauguração da boate do Clube dos 300 foi o Waldemiro Lemke.
Nascido em Joinville (SC), numa família de músicos, ele aprendeu ainda garoto a tocar violino. Morou em Blumenau (SC), onde conheceu a mulher, Ingeborg, e depois em Santos (SP). Lá, tocou num cassino da Ilha Porchat.
Quando se mudou para SP, Waldemiro assumiu o contrabaixo num grupo de jazz. Trabalhou nas TVs Paulista, Excelsior e Cultura, foi jurado num programa da rádio Nacional apresentado pela Hebe, e aí se tornou maestro.
Nos anos 60 e 70, teve a Waldemiro Lemke Coral e Cordas, uma orquestra de baile com mais de 30 integrantes que se apresentava por São Paulo, Minas e Paraná.
Brincava que era o campeão das formaturas. Mas quando elas foram tomadas pelas aparelhagens eletrônicas, a orquestra se desfez.
A partir daí, trabalhou para a Copacabana Discos, fazendo arranjos para Jair Rodrigues, Chitãozinho & Chororó, Zezé Di Camargo & Luciano, entre muitos outros.
Em seu último dia, já com sequelas de um AVC (acidente vascular cerebral), segurou a mão do filho, Taza, e fez que tocava piano nela. Ele morreu em 2010, aos 85 anos de idade.
Fonte de Pesquisa:
- Livro A História de Catanduva de A a Z, de autoria do professor Vicente Celso Quaglia.
- Revista A Feiticeira, de novembro de 1964.
- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.
Fotos:
Desfile do dia 7 de Setembro de 1959, comemorando a data da Independência do Brasil e 20 anos do Ginásio Catanduva que era dos irmãos Pedro Além Júnior e Cândido Além. A foto foi tirada na Rua Brasil defronte o Clube dos 300 que estava em construção
Dona Tuzinha, durante as décadas de 50 e 60, promoveu os Bailes de Debutantes, Banquete do Café, Desfile Clipeer, Baile Desfile Paramount, Campanha dos Cafés Finos, Festa do Milho e os concursos de Miss Catanduva e de Rei e Rainha do Carnaval. Nesta foto, Baile de Debutantes, realizado no Clube de Tênis, organizado por Dona Tuzinha, no dia 06 de setembro de 1964. Na foto: Maria Aparecida Trefiglio, Ana Maria, Maria Olívia Cremonini, Adriana Debenedeti e Ponciana Zancaner
O sarau dançante que aconteceu na inauguração da boate do Clube dos 300, sob o comando do Conjunto de Waldemiro Lemke, foi um espetáculo à parte. O conjunto era considerado um dos melhores conjuntos musicais do Brasil e um dos mais fantásticos que se apresentaram em nossa cidade.
Uma das figuras mais conhecidas no meio social da década de 50 e 60, foi Maria José Corrêa de Rezende, mais conhecida, como Dona Tuzinha, grande promotora de eventos que Catanduva conheceu, sempre dando tom especial nos eventos que produzia
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