Humanos, ou quase...

O que configura, na atual condição humana, estar ou não mais adaptado ao meio? O que faz da espécie humana, aquela que em tese, usa de sua capacidade cognitiva avançada, crescer enquanto sociedade? O que de fato difere o homem do animal?

Sabemos que o animal pode ser adestrado, treinando em certas condições para executar uma série de exercícios e comandos, este foi o modo com que os humanos dominaram certos animais para uso doméstico e para determinados fins, como caça, agricultura, entre outros. Talvez, pensando neste ponto, o que difere de fato o ser humano do animal é a sua capacidade de dominação, o uso do raciocínio para dominar outros, inclusive outros humanos.

Parece extremo falar disso, mas infelizmente, estamos presenciando atos e situações das mais absurdas possíveis e graças as redes sociais, estamos notando, quase que instantaneamente, o quão podre pode ser o homem quando quer fazer valer seus “valores”, tomando-os como absolutos, inegáveis e para tal, utiliza da dominação para subjugar àqueles que pensam diferente.

Alguns, os mais estúpidos, se vale da força física, da violência para com outros de forma que impere seus ditames, outros, mais maquiavélicos, se valem do poder que detêm em determinada situação, seja política, seja empregatícia ou educacional, para destilarem seu ódio e tentar impor suas vontades e pontos de vista. É de hoje, não, sempre houve e sempre haverá quem empenhe tais modos, o que de fato muda, é que a mídia faz com que isso seja exposto muito mais rápido.

Ao longo das eras, desenvolvemos a capacidade de falar, de utilizar desta forma para comunicar ideias, pensamentos e também, para supostamente resolver diferenças entre pontos de vista, mas será que conseguimos avançar enquanto humanidade nesta situação? Estamos cada vez mais imersos em um mundo de aparências e ideologias vazias, o diálogo, muitas vezes tem como atores, dois atores em seus monólogos, sem que nenhum venha a ouvir de fato o que o outro está dizendo, cada qual perdido em seus emaranhados, em falas que só reverberam entre aqueles em que a fala ecoa.

Precisamos fazer valer todas as centenas de milhares de anos de evolução e continuarmos a evoluir a ponto de que olhemos a todos como iguais, como humanos e que nossa voz seja usada para avançar na construção de diálogos produtivos, emancipadores. Precisamos ser um canal da melhoria da humanidade e não este ser caótico que temos assumido sob nossas peles.

Dialogar é sempre o melhor caminho, mesmo quando parece não haver outra escolha, há sempre o caminho do diálogo.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva