Hospitais do SUS agonizam

Reportagem veiculada na edição de ontem mostra que os hospitais da Fundação Padre Albino acumularam déficit de R$ 41 milhões no ano passado. E poderão, caso os pleitos apresentados na semana passada à Secretaria de Estado de Saúde não forem atentidos, amargar mais R$ 17 milhões em prejuízos anuais, após o fim de dois repasses feitos atualmente. A principal causa dessa realidade vivida por santas casas e hospitais filantrópicos do país é a defasagem da tabela SUS. Em linguagem simples, o que um hospital gasta para fazer um determinado procedimento é maior do que ele recebe do Ministério da Saúde para fazê-lo. O que falta para cobrir o custo a instituição tem que bancar à sua maneira, tirando dinheiro de outras fontes de receita, com doações da comunidade ou verbas parlamentares, seja o que for. Se fosse na iniciativa privada, uma empresa que gasta mais para produzir seu produto do que recebe ao vendê-lo já teria fechado as portas faz tempo. Simplemente porque isso vai contra a lógica de mercado. Entretanto, como estamos falando de saúde pública e de serviços que são essenciais para a vida das pessoas, lá estão os hospitais filantrópicos com as portas abertas e acumulando dívidas. E assim eles seguem até que tudo fique insustentável. A vizinha São José do Rio Preto teve até hospital privado encerranado as atividades e enfrenta superlotação nas instituições existentes, tendo sério problemas com a falta de leitos. Imagine só se um desses hospitais que atendem pacientes do SUS literalmente quebrar? E a população de Catanduva, que na saúde pública de alta complexidade depende exclusivamente dos hospitais da Fundação Padre Albino, o que faria se um deles sucumbisse? Essa história da tabela defasada do SUS, que se arrasta de um governo para outro sem solução, parece piada de mau gosto. Em qualquer país sério do globo esse problema já teria sido sanado para que as santas casas pudessem ter fôlego financeiro para organizar suas contas e, de forma justa, receber pelos serviços verdadeiramente oferecidos.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.