Honrar a memória

Não há palavras para explicar para uma criança que o pai foi vítima da violência que toma conta do país. Que por causa de criminosos, muitos deles impunes, ele não terá o pai ao seu lado ao longo da vida ou que, devido a um crime, ele sequer teve a chance de conhecê-lo.

É preciso muito amor familiar e equilíbrio para fazer com que essas crianças entendam que a vida pode ser melhor do que isso e que o ciclo da violência precisa ser quebrado. Caso contrário a revolta pode ganhar espaço no coração, disputando espaço com as memórias do pai ou afastando aquela estrelinha no céu, que o abençoa à distância.

O caso do empresário Wellington Celli, morto aos 39 anos dentro da sua casa depois que quatro bandidos invadiram o local em busca de ouro e dinheiro, que talvez acreditassem ter aos montes, é exemplo vívido de como a criminalidade opera e de como uma vida pode ser tirada sem remorso. Em execução sumária.

Ainda, como a partir disso os anos passam, as investigações policiais caminham lentamente e nem sempre os responsáveis pagam por seus pecados. A família esfacelada por eles, entretanto, precisa juntar os pedaços espalhados e seguir em frente, já que a vida não permite luto, nem muitos lamentos.

É a frieza do mundo exposta em um drama de vida que envolve terror, tristeza, superação e, quiçá, muitas conquistas futuras. Não para apagar tudo o que passou, pois isso, convenhamos, é impossível. Mas sim para honrar a memória daquele que se foi, para que ele saiba, seja onde estiver, que seu legado foi respeitado e que crime nenhum impediu isso. 

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.