Homem a favor dos bichos

A operação envolvendo o transporte da tamanduá-bandeira Kiara, de Catanduva a Porto Alegre, chama atenção por si só. É uma iniciativa importante e bonita, quando vista pelo viés da preservação. No Zoológico de Sapucaia do Sul, que desenvolve trabalho junto ao renomado Instituto Chico Mendes, o animal nascido em terras feiticeiras terá a chance de se reproduzir e perpetuar a espécie, que está em extinção. É o que aconteceria de forma natural caso Kiara e Gumercindo, macho da mesma espécie, estivessem em meio à vida selvagem. Como ambos, por um motivo ou outro, foram parar nos zoológicos, precisarão se reproduzir em cativeiro. A iniciativa mostra que o ser humano, ciente de seu papel, consegue movimentar as estruturas da sociedade para que algo tão positivo aconteça. Até mesmo o transporte, feito gratuitamente pelo Avião Solidário da Latam, merece menção e elogios – ao todo, foram transportados 54 animais, em 2023, para preservar suas espécies e contribuir com os ecossistemas brasileiros. Nos tempos atuais, aliás, os zoológicos ganharam essa importante missão de proteger animais vítimas de maus-tratos, do tráfico e da destruição de ambientes naturais, bem como desenvolver programas de preservação. Não adianta acabar com os zoológicos, como algumas pessoas defenderam ao ver a notícia sobre a Kiara, pois aí sim os animais que sofrem com esses ataques dos seres humanos não terão qualquer chance de sobreviver e, provavelmente, o fim de muitas espécies será antecipado. Como contraste, outras pessoas reclamaram que, com um animal a menos, o Zoológico de Catanduva vai perdendo seus atrativos. Ou seja, para esse público, o fechamento não é cogitado e, quanto mais animais para visitação, melhor. Essa é a pluralidade humana que se evidencia em canais abertos à opinião popular, como as redes sociais. O que importa mesmo, no fim da história, é que, juntos, Kiara e Gumercindo, possam viver em paz.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.