Herança racista
Anos atrás, após um ato racista contra o jogador Daniel Alves, uma campanha foi idealizada por uma agência de publicidade e divulgada por Neymar com o tema “Somos todos macacos”. A ideia causou falatório na época. O tempo passou e aqui estamos nós discutindo o mesmo tema diante dos atos de preconceito contra o jogador Vinicius Jr. – ele foi vítima diversas vezes nos últimos anos, nos campos europeus e, pelo que se vê, a forma com que as pessoas transgridem limites e sobrepujam o outro devido à cor de pele é desconcertante. Na próxima segunda-feira, começa a Semana da Consciência Negra em Catanduva, com uma série de atividades necessárias para alimentar esse debate que, convenhamos, precisa ser abordado cotidianamente nas salas de aula, de modo a preparar crianças de todas as cores de pele para dizimar o preconceito. Quem sabe assim, corretamente educados, deixaríamos de classificar as pessoas com base na quantidade de melanina da pele e passássemos, inclusive, a evitar rótulos. Se soubéssemos “como é” sentir a rejeição, talvez até evoluíssemos mais rápido. Talvez, ainda, poderíamos celebrar o fim do racismo e o surgimento, enfim, de uma consciência negra universal, em que todos os seres humanos compreendessem a importância da data – feita para celebrar conquistas e não para reforçar segregação. Mais do que discutir méritos ou a hipocrisia da campanha que fez com que celebridades exibissem bananas anos atrás, temos que lamentar por ainda não termos sido capazes de nos livrar dessa herança racista. E, claro, temos que agir para que isso aconteça.
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