Há esperança para o Brasil?
O Brasil passa hoje pela sua maior crise social, cultural e política desde que, em 1889, militares golpistas derrubaram o Império e o substituíram, ao seu bel prazer, pela república que nos chicoteia. Um grupelho de menos de cem soldados comandados por Deodoro da Fonseca depuseram o Gabinete de então e, no dia seguinte, 16 de novembro, à revelia da maioria dos conspiradores, resolveu que a opinião do povo não contava e que cabia ao Exército ser o luminar de uma nova era positivista. O resultado deste rebosteio de militares descerebrados estamos colhendo há 135 anos: instabilidade e ruína.
Paralelamente, Língua, Religião e Alta Cultura foram sendo dissolvidas pelas novas elites detentoras do poder republicano. Vários processos de barbarização, mais ou menos coordenados, foram minando a importância e a influência destes três pilares civilizatórios. Nas academias e nas universidades, a importância do estudo do bem-falar e do belo-escrever foram cedendo seu lugar primeiro a estrangeirismos comerciais e depois à massificação cultural niveladora. Nas igrejas, o Evangelho de sempre foi empurrado para as criptas, acuado nas sacristias como arcaico, antipopular, elitista e todo o blá-blá-blá babéico que hoje, por exemplo, a Teologia da Libertação repete contra a Tradição. Nas artes, a Beleza foi reduzida a preconceito estético e relegada ao papel de antiguidade antivanguarda: o que importa é causar escândalo, inovar heterodoxamente a qualquer custo, nem que para isso um mictório seja tido por superior à Pietá e uma banana colada na parede seja aplaudida por ter alcançado o preço de 6 milhões de dólares num leilão em Nova York.
Soma-se a todo este reboliço espiritual o papel demoníaco de uma mídia e de uma classe “artística” completamente alienadas da realidade do brasileiro comum. E quem patrocina tido isto? Cereja apodrecida em bolo mofado: meia dúzia de bilionários meta-capitalistas interessados em manter suas fortunas valendo-se da estrutura coercitiva estatal para extinguir toda e qualquer concorrência e, por isto, apoiando vigorosamente todo político e partido político que queira dificultar a vida da classe média empreendedora, criando uma maioria agigantada de pobres para manter uma minoria rica de imbecis (bregamente incultos), cuja maior pretensão é olhar o próprio nome estampado na lista da Forbes enquanto marioneta vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, presidente, militares, artistas, acadêmicos, etc, etc, etc.
Enquanto qualquer Mc Bostinha for mais incensado popularmente que Ariano Suassuana, enquanto o clero se manter mais apegado ao cifrão ou ao anticifrão do que à ortodoxia espiritual, enquanto Romero Brito vender xícaras a 300 dólares e a Orquestra Sinfônica Nacional continuar demitindo músicos por falta de orçamento, não haverá esperança para o Brasil. Estamos no fundo do poço e cavando ainda mais para aumentá-lo, construindo uma mega caverna (lembrai-vos do mito platônico!) onde pouco mais de 212 milhões de almas estão se acomodando com a [i]realidade das próprias sombras, projetadas pelas fogueiras daqueles que queimam nossa Literatura, nossa Teologia e nossa Arte... O Museu Nacional foi incendiado em 2018 e suas fagulhas continuam cremando a carne e o espírito da nacionalidade.
Esperança? Só se Deus intervir...
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