Guardiões da Memória de Catanduva

Motivar a visita a locais turísticos da cidade, conhecer os fatos históricos relacionados a esses locais e, ainda, se divertir em um jogo simples e desafiante: essa é a proposta de “Guardiões da Memória de Catanduva”, um jogo de tabuleiro que os catanduvenses podem jogar gratuitamente na Biblioteca Municipal e na Estação Cultura.
Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, o jogo foi entregue para várias instituições no final de novembro de 2024, mas a ideia para a sua criação surgiu no início de 2023, durante uma viagem de Roj Ventura.
Roj Ventura
Rogério de Mello Godoy, que assina seus jogos como “Roj Ventura”, é um professor catanduvense que saiu da sala de aula para desenvolver recursos lúdicos capazes de potencializar a educação e acessibilizar a cultura.
Entre suas obras, estão o livro “Aula com RPG”, que traz um relato sobre o uso de técnicas lúdicas no planejamento de aulas para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; e os cardgames “Mexe Letras”, um jogo de cartas que utiliza a mecânica do “Buraco” para formar palavras, e “Tamo Junto – Libras”, cardgame desenvolvido em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro e a Warner Bros para facilitar o treino da Libras.
A ideia
Segundo Roj, ele tem o costume de enxergar fragmentos de jogos em várias situações do cotidiano, e ao ver uma placa de orientação turística durante uma viagem, ele enxergou a ilustração da cidade na placa como se fosse um jogo de tabuleiro.
Voltando da viagem, o jogo de Catanduva começou a tomar forma: Roj visitou a então coordenadora de Turismo, Maria Cristina Pinheiro Machado Sanches, para pegar dicas sobre os locais que poderiam ser representados; reuniu-se com Léo Andrade, autor do OPERA RPG, para criar elementos narrativos capazes de formar um cenário imersivo; e começou a testar mecânicas de jogo que cumprissem as necessidades de divertir e instruir ao mesmo tempo.
Com o edital da Política Nacional Aldir Blanc, surgiu a oportunidade de reunir uma equipe de profissionais e apresentar os “Guardiões da Memória de Catanduva” para a cidade.
O projeto
O historiador Thiago Baccanelli auxiliou com a pesquisa dos locais escolhidos; a professora Nayara Valentin ajustou a linguagem do manual de regras para uma maior acessibilidade; o ilustrador Ramiro Braz definiu a aparência dos personagens; o fotógrafo Ricardo Carvalho capturou ângulos expressivos dos locais selecionados; e os designers gráficos Raphael Dalecio e Lucas Sorgi, da Digitale Comunicação Visual, diagramaram e formataram os tabuleiros, cartas, caixas e livretos.
O jogo teve boa recepção nas monitorias realizadas para os jovens do Programa Beneficente Criança Cidadão do Futuro, e para as crianças e idosos da Casa de Apoio à Criança, Adolescente e Idoso.
A apresentação do jogo para a Coordenadoria de Turismo ocorreu durante a última reunião do Conselho Municipal de Turismo, ainda em 2024. A proposta do jogo é ser uma maneira inovadora de apresentar os atrativos da cidade em eventos.
O Instituto dos Deficientes Visuais de Catanduva também foi visitado, pois com a consultoria da professora Luciana Volpi, foi desenvolvida uma versão do jogo para portadores de baixa visão leve.
Outra medida de acessibilidade foi a gravação de um vídeo de regras do jogo, disponível no YouTube pelo canal RobotGeeks.
E para que todos pudessem participar do jogo na Biblioteca Municipal e na Estação Cultura, foi feita uma campanha online, planejada e executada por Eden Paulo Pavanelli.
Locais e horário para jogar
Na Biblioteca Municipal de Catanduva, localizada na avenida São Domingos nº 880, durante seu horário normal de funcionamento, todos podem contar com o apoio da equipe da biblioteca para jogar com a sua turma.
Também na Estação Cultura, situada na rua Rio de Janeiro nº 137, é possível jogar durante as Tardes de Jogos: todos os domingos, a partir das 14h, no salão de oficinas, são realizadas atividades de jogos de tabuleiro, cardgames e RPG.
As Tardes de Jogos são atividades gratuitas e abertas ao público. Pelo Facebook @TardesDeJogos você pode reservar a sua participação, e poderá até aprender a jogar “Guardiões da Memória de Catanduva” com o criador do jogo.
Importância dos jogos de tabuleiro
Os jogos de tabuleiro desempenham um papel significativo tanto na cultura quanto na educação, contribuindo para o desenvolvimento humano e para as interações sociais de maneira ampla e impactante. Na esfera cultural, esses jogos funcionam como um reflexo das tradições, histórias e valores de diferentes sociedades. Por exemplo, jogos como o xadrez possui raízes antigas e representa o pensamento estratégico e a competição intelectual que marcaram gerações. Além disso, eles promovem momentos de interação social, aproximando pessoas de diversas idades e origens e criando um espaço para a convivência e o entretenimento coletivo.
Na educação, os jogos de tabuleiro têm um papel igualmente relevante. Eles estimulam o desenvolvimento cognitivo ao promover habilidades como o pensamento lógico, o raciocínio matemático e a resolução de problemas. Jogos como xadrez e Scrabble, por exemplo, ajudam a melhorar a memória, a concentração e a criatividade, enquanto títulos mais modernos, abordam conceitos econômicos e de planejamento estratégico. Além disso, eles são ferramentas valiosas para o desenvolvimento de habilidades sociais, ensinando cooperação, negociação, paciência e a importância de saber lidar tanto com vitórias quanto com derrotas. Essa capacidade de aprendizado lúdico também se manifesta na interdisciplinaridade de alguns jogos, que trazem conteúdos de história, geografia e ciências para o ambiente de diversão.
Outro aspecto importante é o impacto psicológico e emocional dos jogos de tabuleiro. Eles ajudam a reduzir o estresse, promovem momentos de descontração e fortalecem a autoconfiança ao permitir que os jogadores superem desafios de forma criativa. Jogos que envolvem narração, como Dungeons & Dragons, estimulam a imaginação e o pensamento fora da caixa, criando experiências que vão além do tabuleiro.
Foto: O projeto contou com a colaboração de inúmeras pessoas. Além de Roj Ventura (à direita), o idealizador do projeto, estiveram envolvidos o historiador Thiago Baccanelli (à esquerda), a professora Nayara Valentin, o ilustrador Ramiro Braz, o fotógrafo Ricardo Carvalho e os designers gráficos Raphael Dalecio e Lucas Sorgi.
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