Grandes jornalistas de Catanduva (II)

Em matéria da semana passada, iniciei a publicação de uma temática sobre grandes jornalistas que atuaram em Catanduva. Hoje, finalizo relembrando dois grandes nomes: Augusto Gimemes e Lecy Neurbern Pinotti.

Augusto Gimemes

O jornalista Augusto Gimenes nasceu em Catanduva no dia 1º de julho de 1923 e, ainda jovem, trabalhou na Tipografia Pires, de 1945 a 1948, e na Tipografia Ipiranga, de 1948 a 1954. Mais tarde, junto com Douglas Pagliarini adquiriu a Tipografia de Arnaldo Facci, fundando, em 1º de janeiro de 1955, a firma A. Gimenes & Cia que, inicialmente, funcionou em uma garagem e depois em um prédio próprio na Rua Bahia, entre Brasil e Maranhão, desde agosto de 1969. Foi um dos fundadores do Catanduva Jornal Esportivo, que circulou de 1957 a 1958 e, com o objetivo de divulgar passo a passo o desenvolvimento e progresso de Catanduva e região, fundou a Revista Feiticeira, de triagem trimestral, iniciada em 1º de junho de 1964 e encerrada no número 98, em 12 de setembro de 1988.

Na última página desta revista fazia o seu Editorial, quase sempre dando enfoque aos assuntos ligados à cidade. Na revista Nº XVIII, de setembro de 1968, por exemplo, escreveu o artigo "A ideia do Catanduvismo", dando ênfase no final: "(...) Enfim, nada se consegue sem trabalho e muito menos sem organização. O que precisamos em primeiro lugar, é nos unirmos em torno de um ideal. Se o ideal é o catanduvismo, devemos trabalhar em função do mesmo. Somemos nossos esforços, trabalhemos e façamos com que cada catanduvense se sinta orgulhoso de sua terra, que prefira sempre a sua cidade e seja um soldado incondicional do catanduvismo.”

Pessoal humilde e sempre atencioso para com todos, faleceu em 29 de janeiro de 1990, em São José do Rio Preto, onde se encontrava hospitalizado.

Foi membro do Rotary Clube, associado da API - Associação Paulista de Imprensa, membro da ACIC - Associação Comercial e Industrial de Catanduva - sendo seu presidente em 1973 quando, irmanada à Prefeitura Municipal de Catanduva, criou o PRODEICA - Projeto de Desenvolvimento Industrial de Catanduva, em 08 de novembro de 1973. Era membro da Loja Maçônica 111, sendo velado no Templo da Rua Municipal.

E, sem dúvida alguma, a revista Feiticeira foi um dos orgulhos de nossa imprensa e considerada como excelente fonte de pesquisa. Na hemeroteca do Centro Cultural e Histórico Padre Albino tem uma coleção completa da revista, encadernada.

Lecy Neurbern Pinotti

Nasceu em Catanduva, em 5 de março de 1929. Seu pai, Pedro Pinotti, era gerente do Banco Comércio e Indústria e, em 1948, foi um dos fundadores da Cooperativa de Crédito Popular de Catanduva. Sua mãe chamava-se Jandira Neurbern Pinotti. Em seus estudos, completou o ginasial e depois cursou a Associação Paulista de Belas Artes e, a partir de então, sempre arrumando um tempinho para pintar seus quadros, trocando a máquina de escrever pelo pincel. Após o curso na Associação Paulista de Belas Artes, de 1946 a 1949, Lecy envolveu-se com os meios de comunicação e sempre atuou em Catanduva.

Entrou na Rádio Difusora de Catanduva em 1949, ficando até 1971, onde atuou como locutor, redator, diretor comercial e gerente. Ainda na Difusora, contribuiu com a modernização da emissora, com recursos locais. Todo o lucro da emissora era enviado para São Paulo. De 1975 a 1976 foi diretor da TV Rio Preto.

O jornalista Lecy Pinotti foi o primeiro na instalação de alto-falantes em carros. Filmava também estabelecimentos comercias difundindo e incrementando os reclames, ou seja, as propagandas. Lecy instalou a Editora Edicat Ltda, editando obras de literatos de Catanduva e jornais para Pindorama e Itajobi, de 1975 a 1983 e até uma revista, A Raquete, do Clube de Tênis de Catanduva. O jornalista chegou a montar uma fábrica de discos por encomenda e gravou até LPs.

Outra façanha de Lecy foi a instalação, junto com o técnico Homero Hortenzi, nos anos de 1964-65, de um canal de TV, o canal 6 em UHF. Hoje seria uma TV pirata, mas na época era chamada de clandestina. Os dois apresentavam programas ao vivo, aos domingos, e faziam grande sucesso.

No jornal O Regional, Lecy esteve desde sua fundação, em 1971. “Era um homem dos sete instrumentos”, pois atuava como repórter, editor, fotógrafo, tituleiro, pestapista, revisor e etc.

Como artista plástico, possui obras na Itália, mas nunca participou de salões ou exposições de arte; foi membro vitalício da Associação Paulista de Belas Artes de São Paulo, inscrito em 1948; reproduziu em muitas de suas telas cenas da história da cidade, entre elas o quadro representando a primeira Câmara Municipal de Catanduva, instalada em 1918, e adquirida pela câmara, em 1991. Pintou algumas telas tendo como figura principal Padre Albino, sendo que uma delas se encontra na recepção do Hospital Padre Albino, além de outra presente no Museu Padre Albino, intitulada Passeio ao Entardecer.

Lecy Pinotti era um homem simples, de vida modesta e que depois de ter conseguido grandes sucessos, recusou propostas vantajosas em outras cidades, porém, preferiu permanecer em Catanduva, sacrificando suas possíveis ambições. Lecy foi um grande incentivador da nova safra de jornalistas catanduvenses.

Lecy foi casado com a professora Philomena Aparecida Pinotti, e dessa união nasceram-lhes os filhos Paulo, Pedro, Marcos e Nancy. Faleceu em Catanduva em 18 de novembro de 2001.

Sempre incentivando os filhos, acompanhou o filho Paulinho (Paulo Rodrigues Pinotti), na época com 16 anos, a participar de competições de escultura em areia. E a satisfação maior veio por conta de tê-lo visto tornar-se Campeão Mundial em Escultura na Areia, conseguindo na praia de La Baule, na França, em 1970.

Fonte de Pesquisa:

 - Boletim Só 10, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, ano VII, Nº 73, de setembro de 2015.

 

Foto: Último exemplar da revista Feiticeira, de setembro de 1988, totalizando 98 publicações em toda sua história. Nesta capa, destaque para o Sr. Ramon Nobalbos, em comemoração aos 50 anos da Tipografia Ipiranga

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.