Grande partida entre Santos F.C. e Catanduvense E.C.
O jogo realizado entre Santos F.C. e o Catanduvense E.C., no Estádio Sílvio Salles, em 1953, “(...) constituiu talvez o maior acontecimento esportivo dos últimos anos. O campo da Rua Amazonas apanhou um público recorde, vivo, proporcionando um espetáculo magnífico”, trazia em notícia festiva o jornal A Cidade, de 22 de setembro de 1953.
A partida foi precedida de grande expectativa. A grande massa presente queria ver em ação o famoso clube santista, senhor de uma das melhores equipes do país, e queria ver como se portava seu onze em seu primeiro compromisso de grande envergadura.
O Santos apresentou sua melhor constituição em um jogou coeso e clássico, convencendo plenamente a torcida que, embora descontente e decepcionada pelo escandaloso ‘frango’ que deixou passar o goleiro Veneno, reconheceu que a vitória santista foi fruto de serenidade, solidez e coordenação das linhas do seu ‘onze’. Diga-se que oportunidades de ouro estiveram nos pés dos nossos jogadores catanduvenses, que jogaram com absoluta falta de sorte. Vale lembrar, porém, que o Santos jogou despreocupado, principalmente depois dos 2 a 0, que foram conquistados com relativa facilidade, ainda no primeiro tempo.
Não há dúvidas de que os catanduvenses lutaram bravamente, num grande esforço para conseguir sorte melhor, chegando mesmo a encurralar o seu adversário nos últimos 15 minutos finais, quando o time quase conseguiu empatar. Não resta a menor dúvida de que o Santos pelo desenrolar do jogo, teria tido o empate com o melhor resultado.
Assim mesmo, não deixou de ser honroso e significativo para o Catanduva E. C. o triunfo santista, porque em todo o desenrolar do jogo, o alvirrubro foi um adversário lutador, digno das tradições do futebol catanduvense.
A batalha
No primeiro tempo, embora com a vantagem de 2 a 0 para o Santos, o jogo foi equilibrado e possibilitou maiores oportunidades para o time catanduvense, o qual esboçou ataques perigosos, em que várias jogadas foram desperdiçadas por falta de visão dos nossos atacantes ou por mera obra da sorte dos santistas. O primeiro gol dos santistas originou-se de uma confusão na área catanduvense, ensejando o Zito a abrir a contagem, num lance que parecia de fácil defesa. O outro gol influiu bastante na produção dos companheiros de Santo Antônio, diante da ação de Veneno no lance, que amortecendo um tiro de Hugo, permitiu que a bola escapasse das mãos, indo às redes num incrível frango.
Na etapa final, o panorama do jogo se transformou positivamente para o lado dos catanduvenses, por consequência do grande empenho com que se lançavam. Abonados pelo vento, os catanduvenses atacaram em massa, exigindo da retaguarda santista uma vigilância dobrada, em que Nenê, Manga e Hélvio, tiveram que intervir continuamente. Marinho, depois de uma confusão, assinalou o gol de Catanduva, inflamando a torcida. Daí, até os minutos finais, o time catanduvense comandou a partida. Por duas ou três vezes, não fossem as traves e as peripécias do arqueiro Manga, o resultado da partida poderia ter disso outro. Intercalando as nossas investidas, o Santos esboçou contra-ataques sem o menor perigo para a meta de Euclides.
Os dois últimos lances da partida foram sensacionais, pois um tiro de Carolo foi ter às traves e uma intervenção de Hélvio, na hora undécima, tirou o Santos Futebol Clube do empate.
Escalação
O time catanduvense estava assim constituído: Veneno (Euclides), Loca e Carolo; Jaime (Olegário), Santo Antônio e De Maio; Liminha (Juarez), Juares (Tico), Mairiporã (Jaime), Marinho (Ditinho) e Miguelzinho. Veneno esteve numa tarde negra, comprometendo-se inteiramente. O segundo gol santista foi algo deprimente, por causa de um enorme frango. Euclides, que o substituiu, não foi muito empenhado, pois, vale lembrar, que entrou no jogo contundido. Carolo e Loca foram as maiores figuras da nossa retaguarda, formando uma zaga sólida. Jaime, Santo Antônio e De Maio não repetiram suas últimas atuações, principalmente Santo Antônio que esteve irreconhecível. No ataque, Juarez e Miguelzinho foram os melhores.
Pelo time santista, jogaram: Manga, Hélvio e Feijó; Nenê, Formiga e Zito; Nicácio, Valter, Álvaro, Hugo e Nando (Delvéchio). Manga praticou grandes intervenções. Hélvio foi a maior figura em campo. Confirmou suas grandes qualidades de um dos melhores zagueiros do país. Feijó também se houve com equilíbrio. Nenê e Zito foram os melhores da retaguarda. Valter, Nicácio e Hugo foram os melhores do ataque.
Dirigiu-se a partida o Sr. Gualberto Tassitani, da Federação Paulista de Futebol. Seu trabalho foi regular, pois prejudicou ambos os conjuntos, com excessos de rigor em todas as faltas. Disciplinarmente, andou bem.
Homenagem e renda
Antes de iniciar o jogo, foi homenageado o Deputado Athye Jorge Cury, representado pelo menor Washington Luiz Pereira, filho do Sr. Marcílio Dias Pereira.
O público que compareceu ao Estádio foi um dos mais numerosos, proporcionando uma arrecadação que se aproximou da casa dos 70 mil cruzeiros.
Na preliminar, o Botafogo F. C. levou a melhor sobre o Itajobiense Futebol Clube, pela contagem de 3 a 2.
Fonte de Pesquisa:
- Jornal A Cidade, de 22 de setembro de 1953.
- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.
Fotos:
O público que compareceu ao Estádio foi um dos mais numerosos, proporcionando uma arrecadação que se aproximou da casa dos 70 mil cruzeiros. Nesta foto, populares em frente ao Estádio Sílvio Salles, na década de 1950
Um dos vários jogadores que vieram do Fluminense para o Santos, no final dos anos 1940/1950 foi Hélvio Pessanha Moreira, ou simplesmente, Hélvio Piteira. Um zagueiro de estatura alta e visivelmente magro, mas que impunha respeito aos atacantes adversários por seu duro no desarme e produtivo nas jogadas aéreas. Foi um dos jogadores destaques na partida entre o Santos F.C. e o Catanduvense E.C.
O goleiro Manga (centro) realizou ótimas intervenções no jogo entre o Santos F.C. e o Catanduvense E.C., impedindo que muitas bolas viessem a balançar a rede santista. Na foto, da esquerda para a direita, Hélvio, Manga e Ivan
Antes de iniciar o jogo, foi homenageado o Deputado Athye Jorge Cury (foto), representado pelo menor Washington Luiz Pereira, filho do Sr. Marcílio Dias Pereira. Ainda quando presidente do Santos, tornou-se membro do PSP, elegendo-se vereador na cidade de Santos em 1948, e deputado estadual por São Paulo, em 1950, em importante passagem pela Câmara Federal. Jorge Cury se manteve no Congresso Nacional até 1982, quando se aposentou da política
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