Godzilla Minus One: a volta do monstro japonês

Godzilla Minus One, que entrou em cartaz no CineX, em Catanduva, é um filme épico japonês de “kaiju” (monstro gigante) dirigido, escrito por Takashi Yamazaki, cineasta premiado e ávido fã do primeiro e mais famoso monstro japonês. A reverência ao filme clássico original é tanta, que a própria trama se passa logo após o término da Segunda Guerra. O primeiro filme de Godzilla foi lançado em 1954, criação de Ishirô Honda, o lendário diretor dos estúdios Toho; por sinal, o mesmo que produz o filme atual. Godzilla se tornou um ícone japonês em todo o mundo. O enredo original gira em torno dos testes nucleares americanos que despertam uma besta aparentemente imparável, semelhante a um dinossauro que dispara raios destruidores. Ele avança sobre as cidades japonesas destruindo-as como se fossem predinhos de papelão. O que de fato eram, uma tradição no cinema de monstros do Japão.

Na nova versão, Koichi (Ryunosuke Kamiki) como um piloto kamikaze (a introdução de um tema tão sensível aos japoneses mostra a seriedade com que o filme é encarado), que retorna à sua cidade natal devastada. Noriko (Minami Hamabe), faz a protagonista feminina. Godzilla Minus One é ambientado em 1946 e segue um grupo psicologicamente esgotado de ex-militares que se unem para derrotar o kaiju anti-herói. Ele tem uma representação sóbria e menos extravagante, com um tom sombrio, calibrado pelas cenas centradas nos humanos.

A figura de Godzilla sofreu mudanças ao longo dos anos. Com o sucesso do primeiro filme, saiu Godzilla Raids Again (1955), em que foi revelada a existência de um “segundo Godzilla”, franquia que durou mais uma dúzia de filmes. Durante anos, o monstro foi ficando mais pop, até Godzilla Junior, o “filho adotivo de Godzilla” e um Mechagodzilla (aqueles robôs gigantes). Entre 1999 e 2003, veio o Godzilla do Milênio, a maior reformulação do monstro em 40 anos. Este novo Godzilla, que apareceu pela primeira vez em Godzilla 2000, tinha um visual mais reptiliano. Cada versão de Godzilla trouxe algo diferente para a mesa, com diferentes designs, histórias e tons, ao longo de 65 anos. Isso, sem contar as animações.

Todo este sucesso chamou a atenção de Hollywood. Tanto, que apenas dois anos depois, estreou nos EUA uma versão do filme de 1954, com a introdução de atores americanos, em Godzilla: King of the Monsters. Aliás, foi ali que ele ganhou seu nome mundial, pois no Japão é Gojira (uma mescla, em japonês, de “baleia” com “gorila”). Essa é a versão conhecida no Ocidente, inclusive no Brasil. Mais recentemente, os americanos assumiram o monstro, com Godzilla (1998), superprodução de Roland Emmerich (Independence Day). Godzilla (2014), marca o início da série MonsterVerse, seguido por Godzilla: King of the Monsters (2019), sequência da série MonsterVerse, e Godzilla vs. Kong (2021), o mais recente. O quinto filme está em desenvolvimento nessa série.

Mas a a atual é a versão dos criadores originais. O velho lagartão não vai sossegar tão cedo.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.