Freaky – No corpo de um assassino

Quando chegam para estudar na escola Blissfield High, Millie (Kathryn Newton) e seus colegas de classe ficam chocados com a notícia do assassinato de um grupo de estudantes do mesmo colégio, ocorrido na noite anterior. Poucas horas mais tarde, Millie se torna a próxima vítima do serial killer (Vince Vaugh), que usa máscara e carrega um punhal que roubara na cena do crime na matança anterior. Mal sabe ele que a adaga tem poderes especiais. O assassino então captura Millie e ao atingi-la com a arma, eles trocam de corpo: o assassino se torna Millie, e a jovem vira o matador.

Novamente o diretor Christopher Landon subverte o cinema de horror injetando altas doses de humor macabro e pitadas nonsense, para realizar esse típico terrir fantasioso de alma jovem, que arranca boas risadas do público. Na primeira investida, Landon fez “Como sobreviver a um ataque de zumbi” (2015), pegando uma história de mortos-vivos e fazendo uma imensa baderna cômica, com resultado apenas satisfatório. Dois anos depois retornou ao mundo dos slasher movies para sua nova comédia absurda, e muito sanguinária, que foi “A morte te dá parabéns” (2017) – devido ao sucesso, fez a continuação ainda mais apoteótica, “A morte te dá parabéns 2” (2019). É hoje um dos nomes mais criativos desse cinema contemporâneo de terrir. Landon aproveitou o ambiente universitário de “A morte te dá parabéns” para fazer “Freaky”, que se passa em uma escola e presta uma homenagem a “Sexta-feira 13” (na abertura, o assassino lembra o porte físico, a máscara e a destruição deixada por Jason Voorheess). Também homenageia fitas passatempo dos anos 80 sobre troca de corpo, como “Um espírito baixou em mim” (1984), “Tal pai, tal filho” (1987) e “Vice-versa” (1988) – isso porque os dois personagens centrais (a garota e o assassino) trocam de identidade. Vince Vaugh está à vontade, num papel divertido, à sua altura, que deixa de ser o serial killer indestrutível para encarnar a menina que “entra” em seu corpo – já Kathryn Newton não é tão boa, no entanto por Vaugh se sobressair, nem nos incomodamos com a atriz.

Como todo bom slasher, não podiam faltar mortes brutais, com sangue pra todo lado, e da metade para frente aparecem elementos de cinema policial de investigação, na medida certa para agradar não só o público jovem, mas adultos que procuram algo diferenciado no cinema atual.

A produção é da Blumhouse, atualmente a principal produtora de fitas de terror, que fez “Atividade paranormal” (2007), Nós” (2019), “O homem invisível” (2020) e tantos outros.

Freaky – No corpo de um assassino (Freaky). EUA, 2020, 102 minutos. Terror/Comédia. Colorido. Dirigido por Christopher Landon. Distribuição: Universal Pictures

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva