Francisco Cândido Xavier em Catanduva

Uma das maiores personalidades espíritas que o Brasil teve o prazer de conhecer foi a de Francisco Cândido Xavier, mais conhecido, carinhosamente, como Chico Xavier.

Chico veio à Catanduva no dia 27 de agosto de 1974 para receber o título de Cidadão Catanduvense, honraria aprovada pela Câmara Municipal de Catanduva, através do Projeto de Lei do vereador Maurílio Vieira.

Conhecido mundialmente por suas obras psicografadas e pelo trabalho magnífico de caridade espírita que realizava, Chico conduzia, ao longo de quarenta anos, uma singular cruzada espiritual, de superior sentido moral e de apoio material a milhares de pessoas necessitadas através de instituições de caridade.

Em Catanduva ele também mantinha amplo relacionamento, não apenas com os espíritas locais, mas com uma série de outras pessoas que o conheceram nas cidades de Pedro Leopoldo e Uberaba.

A chegada

Acompanhado por uma comitiva com várias pessoas de São Paulo, Chico Xavier chegou em Catanduva por volta das 15h, tendo sido aguardado no trevo pela comissão de recepção.

Estava visivelmente cansado, com a pressão muito baixa e precisava de repouso imediato. Foi, então, acompanhado até o Hotel De Franchi, recolhendo-se, em seguida, ao seu apartamento, já que estava impossibilitado de atender as pessoas naquele momento.

Entrega de título

A entrega do título de Cidadão Catanduvense aconteceu em sessão solene da Câmara Municipal de Catanduva, realizado às 20:00 horas, no Conjunto Esportivo de Catanduva.

Grande multidão esteve presente na sessão, além de inúmeras autoridades locais e regionais e representantes de várias entidades.

À mesa, presidida pelo Dr. Eder Pedro Pellizzon, tomaram assento diversas autoridades e outras pessoas de destaque, como, por exemplo, Pedro Nechar, prefeito municipal; Dr. Constante Frederico Ceneviva, vice-prefeito; Euclides Pereira, representando o Dr. Alcy Gigliotti, Juiz de Direito da 2ª Vara; deputado federal Freitas Nobre; Dr. Westher Chimello, presidente da Associação Comercial e Industrial; professor Giordano Mestrinelli, diretor do SESC; Álvaro Costa, presidente da União Municipal Espírita; Dr. Plácido Eduardo Fernandes, presidente da APAE; comendador Antonio Stocco, presidente do Conselho da Fundação Padre Albino; professor Ivo Dall’Aglio, diretor da Faculdade de Educação Física.

Aberta a sessão, com o ginásio esportivo completamente lotado, o presidente Eder Pedro Pellizzon designou uma comissão de vereadores para acompanhar à mesa o Sr. Francisco Cândido Xavier, comissão esta composta pelos senhores Gregório Rodrigues Gil, Layer Pereira da Silva, Dr. José Alfredo Luiz Jorge, Dr. Altino Rossi, Dr. José Alexandre Nobalbos Roman e José Marcos Romero. O homenageado foi recebido de pé pela multidão, que o ovacionou calorosa e prolongadamente.

Discursos

O discurso oficial de saudação a Chico Xavier foi pronunciado pelo vereador Maurílio Francisco Vieira, que proferiu eloquente oração, exaltando a personalidade e obra do conhecido médium.

O Dr. Eder Pedro Pellizzon fez a seguir, a entrega do título, voltando a repetir-se estrondosa ovação.

No seu discurso, proferido logo a seguir, Chico Xavier agradeceu, de início, as palavras do vereador Maurílio Vieira, autor da proposição de entrega de título, bem como à Câmara Municipal de Catanduva. Referiu-se, depois, a aspectos da história de Catanduva, desde os tempos de Vila Adolfo e aludiu a velhas amizades que aqui mantinha, pedindo licença para citar os nomes do Sr. Benedito Zancaner, Sra. Aurora (Lola) Zancaner Sanches e do Sr. Vicente Sanches. E, aludindo ao crescimento de Catanduva e a capacidade empreendedora de sua gente, frisou que nosso engrandecimento não se faz apenas no plano material, mas particularmente no espiritual e no moral, tecendo, então, um verdadeiro hino à memória de Monsenhor Albino.

Disse que ele aqui construiu a paz e a fraternidade ao longo de mais de cinco decênios, ele que sabia honrar o culto da fé na sua majestosa Catedral de São Domingos e que foi o inspirador dos vários altos instituto de ensino de Catanduva. “A ele o nosso profundo respeito, o nosso imenso amor e o nosso ilimitado reconhecimento”, proferiu Chico Xavier.

Na parte final de sua oração, o médium transmitiu uma mensagem do Monsenhor Albino, o que constituiu um lance singular e emocionante, visto que a comunicação envolveu uma longa lista de nomes de pessoas ligadas à história da cidade, algumas vivas, outras já falecidas, umas do passado distante, outras do contemporâneo. Era um agradecimento ao inesquecível sacerdote.

A citação dos nomes foi feita sem que Chico Xavier se valesse de qualquer relação escrita, tendo ele esclarecido que alguns nomes ele não conseguia ler, em virtude de se achar perturbada a sua visão espiritual.

No final da mensagem, o Monsenhor Albino referiu-se aos nomes de Antonio Maximiano Rodrigues, Joaquim Figueiredo e Domingos Borges da Costa, tendo Chico Xavier anunciado que o saudoso pastor catanduvense, abraçando aqueles vultos da história de nossa cidade, “(...) rogava as bênçãos de Jesus Cristo, para que nos conservemos em união bendita, no trabalho, na educação e na fé em Deus”.

Fontes de Pesquisa:

- Jornal A Cidade, de 28 de agosto de 1974.

- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

Fotos:

Foto de 1974 que registra a vinda de Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, em Catanduva, para receber o título de Cidadão Catanduvense. Na foto, da esquerda para a direita: Diomar Ziviani, Chico Xavier, prefeito Pedro Nechar e presidente da Câmara Eder Pedro Pellizzon

A sessão solene de entrega do título de Cidadão Catanduvense ocorreu no Conjunto Esportivo de Catanduva, reunindo grande multidão, além de inúmeras autoridades locais e regionais, bem como representantes de várias entidades

Chico Xavier morreu em 30 de junho de 2002, aos 92 anos de idade e hoje é considerado uma das pessoas mais benéficas do país, chegando a ser indicado para o Prêmio Nobel da Paz nos anos de 1981 e 1982

Estão na foto os Srs. Benedito Pedro Zancaner e Aurora Zancaner Sanches, mais conhecida como Dona Lola Zancaner e no centro o médium espírita Chico Xavier, todos batalhadores em prol da solidariedade humana e das causas do bem

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.