Filmes na Netflix

Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA

Em 19 de abril de 1995, um caminhão com bombas explodiu em frente ao Edifício Federal Alfred P. Murrah, na cidade de Oklahoma, matando 168 pessoas e ferindo mais de 600.

Para lembrar os 30 anos do atentando em Oklahoma City, a Netflix produziu esse documentário que vai a fundos no caso, trazendo uma investigação completa da tragédia. A Netflix produz bons docs em formato de filmes e séries, com vasta pesquisa e entrevistas, e aqui não desaponta. Sobreviventes, investigadores, bombeiros que socorreram vítimas, jornalistas que cobriram o caso, todos eles relembram o triste fato. No Edifício Federal Alfred P. Murrah, de nove andares, funcionavam departamentos do Governo Federal, como o Serviço Secreto, e também uma creche para crianças. Em 19 de abril de 1995, um caminhão com explosivos detonou no local. O resultado foram 168 pessoas mortas, 685 feridas, um terço do prédio veio abaixo – a imagem do edifício destruído marcou, um prédio que caiu parte dele e o interior ficou exposto. A explosão danificou 320 estabelecimentos comerciais, casas e edifícios em um raio de 15 quadras e incendiou 86 veículos, gerando um prejuízo de U$ 650 milhões. Foi um terrorismo doméstico mais letal da História americana, cometido por dois supremacistas brancos de extrema-direita. Um deles era militar, artilheiro de elite da Guerra do Golfo, que queria se vingar de um episódio conhecido como ‘Cerco de Waco’, ocorrido exatamente dois anos antes, em 19 de abril de 1993 – neste, membros da seita ‘Ramo Davidiano’ se rebelaram na sede do grupo, ‘Monte Carmelo’, na cidade de Waco, Texas, e ficaram lá por 51 dias trocando tiros com a polícia; eles recusaram se entregar, havia um mandado da polícia para recolher metralhadoras e milhões de munição no local, até que em 19 de abril um incêndio matou 80 integrantes da seita, além de policiais mortos – sobre o caso há duas minisséries, a ficcional ‘Waco’ (2018, da Showtime, com Michael Shannon), e a documentário ‘O cerco de Waco’ (2023, da Netflix). Documentário acaba de estrear na Netflix, e recomendo para quem gosta de acompanhar/relembrar histórias reais marcantes.

Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA (Oklahoma City bombing: American terror). EUA, 2025, 84 minutos. Documentário. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Greg Tillman. Distribuição: Netflix

 

Meu nome é Dolemite

Funcionário de uma loja de discos, Rudy Ray Moore (Eddie Murphy) torna-se cantor, compositor e humorista stand up, até virar um fenômeno no cinema alternativo com o filme ‘Dolemite’ (1975), um marco do movimento Blaxploitation.

Filme biográfico que relembra a trajetória do hoje esquecido Rudy Ray Moore (1927-2008), ator, comediante, compositor, conhecido como ‘Padrinho do rap’, que participou de um ciclo de filmes no auge do movimento Blaxploitation que se tornaram populares – a Blaxploitation serviu como trampolim para atores e atrizes pretos e pretas conseguirem espaço na indústria de cinema de Hollywood, com protagonismo, em pleno desdobramento da Black Power e das manifestações em prol dos direitos civis, entre o final dos anos 60 e todo o decorrer dos anos 70. Eddie Murphy brilha no papel do desbocado Rudy, desde seu começo de carreira numa loja de discos, passando pela gravadora do mesmo grupo; depois lançou álbuns, virou comediante stand up e iniciou-se como ator – seu primeiro sucesso foi a comédia policial ‘Dolemite’, no papel central, de um cafetão que sai da cadeia com o objetivo de se vingar dos bandidos e policiais que o incriminaram indevidamente. Depois vieram mais dois exemplares da Blaxploitation, ousados, infames e cultuadíssimos, a continuação de ‘Dolemite’ (1975), ‘O tornado humano’ (1976), e o terror com comédia macabra e nonsense ‘O genro do diabo’ (1977).

Não só Eddie é um estouro, mas todo o elenco, com destaque para Wesley Snipes como o diretor por trás de ‘Dolemite’, D'Urville Martin (1939-1984). Em 2020, pelo papel, Murphy concorreu aos principais prêmios daquele ano, como Critics Choice e Globo de Ouro. ‘Meu nome é Dolemite’ foi exibido no Festival de Toronto e tem como roteirista a dupla de ‘O povo contra Larry Flint’, Scott Alexander e Larry Karaszewski. Quem dirige é ‘Ritmo de um sonho’ (2005).

Meu nome é Dolemite (Dolemite is my name). EUA, 2019, 118 minutos. Comédia/Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Craig Brewer. Distribuição: Netflix

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva