Festival ‘In-Edit Brasil’ continua online até dia 26

A 17ª edição do ‘In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical’, realizado entre os dias 11 e 22/06, em São Paulo, continua com sua programação online e gratuita até quinta-feira, dia 26. Por 12 dias, o festival exibiu, gratuitamente, mais de 60 filmes em seis salas de cinema da capital paulista. Na última sexta-feira, dia 20, foi anunciado o ganhador da Competição Nacional. O longa-metragem ‘Brasiliana – O musical negro que apresentou o Brasil ao mundo’ (2024), de Joel Zito Araújo, venceu como melhor filme, indicado pelo júri desta edição. O júri concedeu ainda menção honrosa ao documentário ‘Amor e morte em Júlio Reny’ (2025), de Fabrício Cantanhede, que está disponível na plataforma Sesc Digital até o dia 26/06.

O ‘In-Edit’ já está no rol dos grandes festivais de cinema do Brasil e conta com patrocínios do Itaú, Prefeitura de São Paulo, SPcine, Colombo Agroindústria e Caravelas, e parceria com dezenas de institutos culturais, como Goethe Institut e Cinemateca Brasileira. É uma realização do Ministério da Cultura, In Brasil Cultural, Sesc e Governo do Estado de São Paulo. Paralelamente ocorrem edições do In-Edit em cinco países - Espanha, Chile, Países Baixos, Grécia e México. Conheça mais sobre o Festival In-Edit Brasil no Instagram www.instagram.com/ineditbrasil e no site oficial https://br.in-edit.org.

Programação online

A programação online de filmes do ‘In-Edit 2025’, que segue até o dia 26/06, gratuitamente, estão nas plataformas de streaming Sesc Digital, Itaú Cultural Play e SPCine Play - são 22 títulos disponíveis, dentre curtas, médias e longas-metragens, nacionais e internacionais. Confira em https://br.in-edit.org/programacao-online.

 

FILMES ASSISTIDOS E INDICADOS POR MIM

Os Afro-sambas: O Brasil de Baden e Vinicius (Brasil, 2024 – 93 minutos)

Um dos melhores documentários musicais do festival ‘In-Edit 2025’, de Emílio Domingos, que presta uma grandiosa e merecida homenagem a dois dos maiores músicos do Brasil, Baden Powell e Vinicius de Moraes. O filme adentra a sólida parceria entre os dois cantores e compositores surgida a partir de 1966, quando lançaram um disco revolucionário, ‘Os Afro-sambas de Baden e Vinicius’, que abriria uma nova modalidade de música no gênero do samba. Os afro-sambas inovavam com elementos de coro, canto gregoriano, candomblé e outros ritmos africanos. O filme mostra o processo de criação dos dois em torno do disco e a forte amizade que ali nascia. Por mais que o samba tenha raiz africana, os afro-sambas não eram apenas uma expressão redundante, e sim intensificava os elementos afro no samba de Baden e Vinicius – seus afro-sambas exploravam novos temas e recorriam a instrumentos de percussão comuns nos terreiros, como agogô, afoxé, atabaque e bongô, misturados incrivelmente com sax, flauta, violão, baixo e bateria. Filmado entre Salvador e o Rio de Janeiro, reúne um vasto material de arquivo, como fotos e entrevistas da dupla – com destaque a Baden, e depoimentos exclusivos de Maria Bethânia, Dori Caymmi, Cynara (do Quarteto em Cy), Marcos Valle, Jards Macalé, Roberto Menescal e Nelson Motta. Há momentos bem bonitos no doc, como os entrevistados escolhendo uma faixa do disco ‘Os Afro-sambas’ para ouvir e comentar, e a reunião em uma mesa dos filhos de Baden e de Vinicius para lembrar a parceria dos dois amigos. Exibido no Festival do Rio, o filme integrou a Competição Nacional do festival In-edit 2025. Estreou hoje no streaming, na Max e HBO.

Regional Beat: Uma antena parabólica fincada na terra vermelha (Brasil, 2024 – 62 minutos)

 Documentário independente rodado na cidade de França (SP), escrito e dirigido pelo MC, trompetista e produtor cultural Matuto S.A., natural daquela cidade, responsável por ter criado uma nova vertente no cenário musical brasileiro, o ‘Regional Beat’. Inquieto quanto aos sons produzidos no interior, que reúnem as tradições populares, Matuto misturou rap e Hip Hop com viola caipira e jogos de rima na cidade onde nasceu que é considerada o berço de duplas sertanejas famosas. A inspiração para o ‘Regional Beat’, segundo Matuto, vem no movimento de contracultura pernambucano Manguebeat, idealizado por Chico Science nos anos 90, juntando novos instrumentos e vozes típicas do interior de São Paulo e levando o estilo para shows em diversos lugares do país. No doc vemos que o Regional Beat não fica restrito à música, sendo que o estilo passa pela moda e comportamento. Conta com depoimentos de músicos regionais, MCs, beatmakers e estudiosos de música, além de participação de Renato Teixeira e Criolo. Integrou a programação do ‘Brasil.doc’ do festival In-Edit 2025. Disponível gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play até o dia 26/06.

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva