Feiras livres em Catanduva

De maneira geral, uma feira pode ser resumida como um evento realizado em um espaço público, em dias e épocas determinados, onde os comerciantes expõem e vendem suas mercadorias.

Historicamente, não se sabe quando foi realizada a primeira feira da História, já que desde os tempos mais remotos os comerciantes já realizavam este evento.

As feiras, como nós a conhecemos atualmente, tiveram origem a partir da crise do Feudalismo, um sistema existente na Europa da Idade Média, que se baseava, no campo comercial, da produção agrícola voltada para a subsistência. A partir do século XI, este sistema entrou em decadência e as feiras começaram a ganhar destaque, possibilitando o ressurgimento do comércio na época.

Outro ponto importante para o desenvolvimento das feiras foram as Cruzadas, que permitiram maior contato dos europeus com povos do Oriente, trazendo mercadorias raras e exóticas para serem vendidas, como cravo, canela, pimenta, seda, perfumes, porcelanas, entre outros.

Com o passar dos anos, o sistema de comércio foi mudando, aumentando suas quantidades e dando origem aos estabelecimentos comerciais, o que de certo modo foi restringindo o poder das feiras. Porém, não conseguiu extingui-las, já que permanecem até os dias de hoje.

Feira na rua Brasil

Uma das feiras mais antigas e importante de Catanduva foi a que existia na rua Brasil, esquina com a avenida São Domingos, onde hoje está estabelecido o prédio da Previdência Social.

Esta feira começou a funcionar no dia 17 de outubro de 1931, de quarta à domingo, trazendo gente das diversas cidades da região, não apenas para comprarem as mercadorias, mas também para se divertirem, verem pessoas diferentes, conversarem e se encontrar com os amigos. A feira era realizada bem no centro da cidade, ponto de grande efervescência comercial em desenvolvimento.

Nessa época, não havia mercados como conhecemos atualmente, apenas alguns empórios e armazéns, como por exemplo, o Mardegan, que funcionava no Clube dos 300.

A feira funcionou até meados de 1954, contando com 100 a 120 tabuleiros, cerca de 25 barracas e com a ação de, aproximadamente, umas 300 pessoas. Essa feira era muito importante comercialmente, proporcionando a circulação dos mais variados tipos de legumes, verduras e frutas. A maioria dos produtos que se vendiam na feira provinha de chácaras e sítios localizados em Catanduva e região.

Neste mesmo ano, o prefeito Ítalo Záccaro recebeu da Companhia Brasileira de Incorporações Imobiliárias o projeto para a construção do Mercado Modelo Municipal, já que as feiras que eram realizadas estavam se tornando antiquadas e anti-higiênicas, não acompanhando mais o crescimento de nosso município.

Para a época, o projeto foi considerado como moderno e totalmente inovador, já que atendia às condições de higiene necessárias para a boa qualidade dos produtos, além de proporcionar às donas de casa uma maior comodidade para comprarem suas mercadorias. A partir da construção, elas poderiam comprar todos os gêneros em um mesmo lugar e por um preço muito mais acessível, sem caminhadas nem perda de tempo.

Demais feiras

Nas últimas épocas, Catanduva conta com a feira da Vila Celso, que aos domingos de manhã apresenta os mais diversos produtos: legumes, frutas, pamonhas, e ainda, brinquedos, DVDs, CDs, e o tão procurado “pastel da feira”.

Porém, em tempos mais antigos, vários eram os locais onde se realizavam estas feiras, que no decorrer do tempo foram deixando de existir.

No início da década de 1980, várias donas de casa e pequenos produtores locais almejavam a realização de feiras livres em seus respectivos bairros.

Essa busca encontrou uma resposta através do vereador Agnaldo Moreira, que por meio de um projeto de lei propôs que se instalassem feiras livres nos bairros. O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal de Catanduva, transformando-se na Lei Nº 1.964, de 24 de agosto de 1983, que autorizava o funcionamento das feiras na cidade, além de estabelecer as regras para tal funcionamento.

Elas não agradavam todo mundo, ora sendo elogiadas por alguns moradores que viam uma oportunidade de comprar com a comodidade de estar perto de casa, ora vistas como algo que atrapalhava o local, tanto pelo congestionamento da rua, quanto pelo barulho que os feirantes faziam na montagem de suas barracas, ainda pela madrugada.

As feiras eram realizadas em diversos bairros da cidade e cada bairro recebia os feirantes em um determinado dia da semana estipulado pela prefeitura, chegando a ser realizada até na Praça 09 de Julho, no sábado pela manhã.

Agradando alguns e irritando outros, o funcionamento das feiras nos bairros durou pouco: em 1985, dois anos após o início das mesmas, já paravam de funcionar, ficando apenas a feira da Vila Celso, que se realiza até os dias de hoje, contando, agora, com as Feiras Itinerantes.

O sacolão Nutricat

Outro ponto que deve ser lembrado no que diz respeito às feiras de nossa cidade é o Sacolão Nutricat, criado no final da década de 1980, e funcionando onde hoje se encontra a Estação Cultura de Catanduva.

O sacolão teve origem na época do prefeito Dr. Warley Agudo Romão, inaugurado em 06 de junho de 1988 com o objetivo de dar oportunidade aos pequenos produtores regionais de venderem os seus mais diversos produtos.

O movimento do sacolão era grande, que além de contar com a população de Catanduva, vinha muita população da região comprar os produtos. O sacolão deixou de existir no ano de 2007.

Vale lembrar que pouco tempo atrás, através de um projeto de lei de autoria do vereador Vanir Martinho Braz, foi criada a Feira do Produtor Rural, realizada todas às quintas-feiras no Recinto de Exposição João Zancaner, que funcionou até abril de 2011.

Fonte de Pesquisa:

- Acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino

Fotos:

Foto datada de 1963 da antiga Estação Rodoviária de Catanduva. Foi esse prédio, que, anos mais tarde, abrigou o famoso Sacolão Nutricat e hoje foi transformado na Estação Cultura de Catanduva

Em tempos remotos, não existia os supermercados como conhecemos atualmente, daí o desenvolvimento das feiras e dos pequenos empórios e armazéns. Nesta foto, Empório Cubatão, que se localizava na esquina das ruas Maranhão e Alagoas, onde hoje funciona uma sorveteria. Na foto, uma funcionária, Sr. Abdala Bauab, Melhem Bauab e Munir Bauab

Vereador Agnaldo Moreira foi o responsável da autoria do projeto, no ano de 1983, que instituía feiras livres nos diversos bairros da cidade, embora durando apenas dois anos. Nesta foto, temos o também vereador Julio Bueno ao seu lado na posse em 1983

Foto da antiga feira livre que se localizava na esquina da rua Brasil com avenida São Domingos, local onde hoje está o prédio da Previdência Social. A foto ainda mostra as cheias do Rio São Domingos no ano de 1942

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.