Feira de Artes na Praça da República
Dentro dos grupos de colecionadores de Catanduva, podemos citar o Clube Filatélico e Numismático de Catanduva, fundado em 14 de março de 1975, por iniciativa de alguns “ajuntadores” de selos. De início, esse grupo se reunia aos sábados, na agência dos Correios, passando logo em seguida para o SESC Catanduva.
Uma das coisas que o grupo muito zelava eram suas exposições, pois já em abril de 1976, organizaram a I EXFINCAT – Exposição Filatélica e Numismática de Catanduva – juntamente com a 2ª Exposição de Pintura Primitivista de Natal Ivan Catelani, ambas realizadas na Galeria De Franchi.
Durante essas exposições, o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, grande colecionador de selos e integrante do clube, teve a ideia de se criar, na Praça da República, uma feira de artes, no mesmo modelo daquela existente na capital paulista.
Os integrantes do clube acataram o projeto e inclinaram-se para colocá-lo em prática. Como prova disso, na ata da reunião ordinária ocorrida em 24 de abril de 1976, ficou registrado o seguinte: “(...) na segunda parte da reunião ficou resolvido que o clube, juntamente com o DEPASE – Desenhistas e Pintores Amadores do SESC – com a colaboração do SESC na cessão das mesas, iniciariam no próximo dia 02 de maio, domingo, uma exposição dominical na Pérgula da Praça da República. A ideia da exposição, que poderá transformar-se em uma Feira de Artes, com a presença de artistas, artesãos e colecionadores, surgiu durante a I EXFINCAT e Exposição de Pintura Primitivista, e tentamos levar adiante a ideia. Ficou decidido que o DEPASE, com o professor Luiz Dotto à frente, levaria os alunos de pintura e quadros para expor, o mesmo ocorreu com o pintor Ivan Catelani, enquanto o pessoal do clube levaria seus selos e moedas para trocarem e mostrarem lá na Praça da República (...).”
Contatos
Como o professor Sérgio Bolinelli era o secretário do clube na época, ficou sob sua responsabilidade de fazer os contatos com todas as pessoas necessárias, inclusive com o prefeito municipal, Sr. Pedro Nechar, para obter a autorização e o apoio para a realização dessa nova iniciativa.
As conversas foram totalmente positivas, como mostra o jornal O Regional, em 30 de abril de 1976: “Neste domingo, a primeira montagem da Feira de Artes da Praça da República. Filatelistas, numismatas, pintores, escultores e músicos estarão reunidos e expondo seus trabalhos e coleções. É o primeiro passo para a feira permanente.”
Passando os dias, a feira foi atraindo cada vez mais expositores e artistas, sendo necessária a produção de normas para a referida feira, o que foi realizado por representantes do Departamento de Educação e Cultura, do SESC, do DEPASE e do Clube Filatélico e Numismático de Catanduva, tendo sempre em vista o bom funcionamento do evento.
Diversidade
Os expositores, no início, utilizavam-se dos bancos existentes dentro da Pérgula, que naquele momento era aberta, para colocarem os seus produtos.
Os pintores montavam seus cavaletes no restante do espaço, e o SESC Catanduva disponibilizava um caminhão que trazia os cavaletes e algumas mesinhas.
Com novos participantes, foi-se conseguido algumas tábuas que ficavam guardadas na Discoteca Municipal, que na época se localizava na Praça da República Nº 112, esquina com rua Alagoas.
Os organizadores também conseguiram a doação do Departamento de Educação, Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de Catanduva, através do Prof.º Luiz Carlos Rocha, de 10 mesinhas para a feira da praça, no valor de CR$ 80,00 cada, feita pela Fábrica de Cadeiras dos Irmãos Morandim, localizada no bairro São Francisco.
Grande presença de público
A feira contava com grande presença da população catanduvense, que em todos os domingos pela manhã alegravam o centro de Catanduva.
Por muitas vezes, a feira contou com a atração de grupos musicais e folclóricos, como os grupos de Folias de Reis, muitas vezes sob a responsabilidade de Antero Ferreira.
Além disso, apresentações regionais traziam cor à feira, como baianos e mineiros, que com seus instrumentos simples, suas flautas rústicas, seus tambores primitivos e pandeiros, acompanhados de vozes roucas com letra e música do nosso cancioneiro folclórico, resgatava as tradições de nosso povo.
Como não bastasse a arte, a feita também contava com um espaço chamado de Manhã Verde, com stands de plantas em vasos das mais variadas formas de vegetação.
Outra figura marcante na feira era a baiana Meire, com seu tabuleiro de cocadas, coco em fruta, salgadinhos, numa simpatia contagiante, e vestida com suas saias brancas, sua bata de renda e colares coloridos, distribuía charme e graciosidade de seus respeitosos salgadinhos.
A solidariedade também estava presente na feira, através da atuação das Senhoras Espíritas de Catanduva, que todo domingo compareciam ao seu stand de venda de artesanato, bordados, almofadas, brinquedos, cuja renda era transformada em benfeitorias para a própria instituição, fazendo a distribuição através de obras sociais.
A Feira de Arte da Praça da República funcionou até novembro de 1984, e já desde 1982 se resumia na Feira Filatélica e Numismática de Catanduva, contando apenas com os colecionadores se selos, cédulas e moedas, não tendo a exposição e venda de produtos artesanais com possuía em anos anteriores.
Fonte de Pesquisa:
- Boletim Só 10, Ano IV, Nº 46, Catanduva – SP, outubro de 2009.
- Revista Mensal do Clube de Tênis Catanduva, Ano I, Nº 5, Abril de 1977.
Foto: Feira de Artes dentro da Pérgula da Praça da República, em 15 de agosto de 1976. Na foto, temos: Tuffy Jorge, Daniel Sizino do Prado e Mário Seghese
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