Faça Ela Voltar e a onda dos filmes de terror

As telas do Grupo Cine, no Shopping, têm para todos os gostos: super-heróis, animação e comédia romântica. Mas não há dúvidas de que as produções de terror estão em alta no mercado, principalmente pelo custo-benefício: são filmes de orçamentos relativamente baixos e bons retornos de bilheteria.

O exemplo mais atual é Faça Ela Voltar, novo projeto dos irmãos Danny e Michael Philippou, os mesmos que surpreenderam com Fale Comigo (2022). Com uma abordagem visceral e emocional do terror, os Philippou trazem um filme ainda mais sombrio e perturbador, mergulhando fundo nos temas de luto, obsessão e os limites da sanidade.

A trama acompanha Andy (Billy Barratt) e Piper (Sora Wong), dois meio-irmãos que, após a morte do pai, são enviados para viver com Laura (Sally Hawkins), uma mulher marcada pela perda da própria filha. A princípio, Laura parece acolhedora, mas logo revela um comportamento inquietante. Ela vive com Oliver (Jonah Wren Phillips), um garoto mudo e estranho, que parece estar envolvido em algo sobrenatural. Conforme os dias passam, Andy começa a desconfiar que Laura está realizando um ritual macabro para trazer sua filha Cathy de volta, e que Piper pode ser a peça final desse plano.

O filme se destaca pela atuação poderosa de Sally Hawkins, que entrega uma performance intensa, multifacetada, oscilando entre fragilidade e ameaça. A direção dos Philippou é precisa, criando uma atmosfera sufocante e emocionalmente exaustiva. A casa onde se passa a maior parte da história funciona como um labirinto psicológico, onde os personagens estão presos não apenas fisicamente, mas também em seus traumas.

Inspirado por uma experiência pessoal dos diretores, a morte de um amigo próximo durante a pré-produção, o filme carrega uma carga emocional autêntica. A produtora A24, conhecida por obras como Hereditário e Midsommar, reforça o selo de qualidade e ousadia.

Com 89% de aprovação no Rotten Tomatoes, Faça Ela Voltar já é considerado um dos melhores filmes de terror de 2025. É um mergulho doloroso na psique humana, onde o verdadeiro horror não vem de monstros, mas da incapacidade de aceitar a perda.

Os demais filmes da “onda de terror” em exibição na cidade são:

Juntos: Dirigido por Michael Shanks, Juntos mistura terror corporal com drama de relacionamento. Tim (Dave Franco) e Millie (Alison Brie), um casal em crise que muda para o interior em busca de recomeço. Mas uma força sobrenatural começa a fundi-los, literalmente, em um só corpo. O filme explora a codependência e os limites da intimidade com sutileza e tensão, sendo considerado um dos melhores exemplares do gênero nos últimos anos.

A Hora do Mal: Escrito e dirigido por Zach Cregger (Noites Brutais), o filme começa com o desaparecimento inexplicável de 17 crianças de uma mesma turma, às 2h17 da madrugada. A professora Justine Gandy (Julia Garner) vira alvo de suspeitas, enquanto investiga o único aluno que permaneceu: Alex Lilly. O mistério se aprofunda com a presença de Gladys, uma senhora com poderes ocultos que transforma pessoas em zumbis obedientes. Com estrutura fragmentada e clima sombrio, o filme é considerado um dos melhores terrores do ano.

Invocação do Mal 2 (2016): Parte da Maratona da franquia, é dirigido por James Wan, a sequência acompanha os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) em Londres, onde ajudam uma mãe solteira atormentada por espíritos malignos. Baseado no famoso caso do Poltergeist de Enfield, o filme mistura possessão, suspense e sustos bem construídos. É uma continuação sólida que aprofunda os personagens e mantém o nível de tensão do primeiro filme.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.