Exemplos que ficam

“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.”

Albert Schweitzer

Teólogo, organista, filósofo e médico alemão (1875-1965)

 

Vimos recentemente nesses vídeos que circulam pelas redes sociais, uma terna figura de uma bebê indígena que atentamente ouvia e observava os movimentos e coreografias que a rodeavam em danças típicas de sua tribo. Ninguém a ensinava, ela simplesmente filtrava cada gesto, cada voz, cada batida, com seus olhinhos, ouvidos e corpo que, naturalmente, bailava numa mágica que só a arte e o exemplo possibilitam.

Crianças principalmente, como também adolescentes, jovens e mesmo adultos, ou seja, o ser humano, é muito mais influenciado pelo que vê, presencia e sente do que pelo que lhe é dito, teoricamente, sobre princípios, costumes ou qualquer teoria, independentemente do assunto.

Porque há uma distância abismal entre o que se fala e o que se faz. Dessa forma, entendemos – pela prática – que é um crime negar às crianças o acesso à arte e à cultura.

Sabemos que somos redundantes, por vezes, no tema, contudo o momento é crucial para despertar na juventude os mais profundos sentimentos de ideal e realização no tocante ao desenvolvimento da sociedade num todo.

Quando transmitimos pelo exemplo há um impacto instantâneo e duradouro na formação do jovem. Confúcio, pensador chinês (552 a.C. a 489 a.C.) foi pontual e sábio na assertiva “a palavra convence, o exemplo arrasta” e cotidianamente a confirmamos na prática.

Recentemente realizamos em Paraíso-SP, graças a um projeto da Cultura local, contação de histórias e oficina de arte que teve um resultado muito mais profundo do que as pessoas geralmente reconhecem ou percebem sem maiores observações. Tocados pela vivência da história sobre a artista plástica japonesa, radicada no Brasil, Tomie Ohtake (1913-2015), as crianças na faixa etária de 4 anos, partiram para a oficina de arte que envolvia expressão corporal, desenho e pintura, com leveza (influenciados pelo universo oriental da contação) e uma incrível explosão criativa inspirados pela liberdade dos traços, formas e cores de Tomie. Simples assim. Em poucos minutos de vivência artística, as crianças simplesmente viram a arte aflorar em si mesmas.

Não há mais espaço para o simplismo do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” porque a criança hoje espera mais de nós e envolver-se com ela no processo do aprendizado e vivência artística é essencial, fundamental.

Uma criança que aprende a expressar-se livremente com suas ideias, inspirações, vivências e emoções, será um ser humano mais autêntico, dono de si, com personalidade e desenvoltura, porque a opressão e o autoritarismo jamais formarão um indivíduo feliz.

A arte é o caminho. Não torça o nariz para isso. Podem levantar todas as teorias da insensível e limitada visão sobre a existência humana repleta de achismos e preconceitos. A humanidade sucumbirá sem a arte. E esse processo é fundamental na infância, principalmente na vivência prática de pais e educadores, exemplificando às crianças todos os benefícios imediatos e a longo prazo da Arte.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.