Esvaziamento de significados

As palavras, quando soltas aleatoriamente, por vezes não constituem um significado em si, embora cada uma delas tenha sua significação. Mas quando estão alocadas em um contexto frasal, elas assumem um enunciado que se traduz em uma notificação, acompanhada de significantes, de significados e de uma mensagem, que, em sua clareza ou não, podem ser interpretadas e compreendidas a ponto de nos impulsionar a uma reflexão sobre tal mensagem. 

O problema, entretanto, está no esvaziamento dos significados que as palavras têm, tanto na sua raiz etimológica, bem como no encontro frasal de outras tantas. Mas como ocorre tal esvaziamento? Muito embora a palavra ainda mantenha seu significado etimológico, quando esta é indevidamente utilizada ou usada para reafirmar algo que não está de fato acontecendo, ela acaba sendo esvaziada de significado. 

Um exemplo para compreender... a palavra amor, linda e cheia de significados, mas quando é utilizada por um abusador, agressor e etc., perde sua significação e passa a ser vazia. Exatamente pela incoerência entre aquele na ordem do discurso, ou seja, aquele que está emitindo a frase, com o conteúdo esbravejado. 

Quando pensamos em formar uma frase que tenha em seu conteúdo uma mensagem que traga em si um determinado significado, temos por ética, representá-lo no campo da ação. Pois a frase “palavras ao vento” é de fato muito clara quando se dá no campo da subjetivação, afastada da ação que daria guarida pra tal. 

Portanto, o esvaziamento de significados se dá para além da mera incongruência em seu uso, ela acontece no âmbito da ação, talvez até com mais força do que na reverberação das cordas vocais. Em especial para quem está na ordem do discurso, que impele a este, maior responsabilidade e veracidade com o que fala, caso contrário, além de esvaziar o significado daquilo que se fala, pela real falta de comprometimento, passa a tramitar no campo da verborragia.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva