Estupro! Um caso de saúde pública

Antes de adentrarmos no tema propriamente dito, trarei alguns dados que fundamentarão minhas divagações acerca da lei que quer criminalizar as mulheres que vierem a abortar.

Vamos lá, em 2022, tivemos 74.930, ocorrências de estupro, mais de 60% eram crianças de até 13 anos. Esses dados foram considerados os maiores do Brasil até então. Já em 2024, dados apontam que estupros contra mulheres são três vezes maior do que em caso de vulneráveis. Estupros de vulneráveis somam 156 denúncias por dia.

Nesse sentido, cabe uma reflexão: Por que sempre uma ala fundamentalista, religiosa e/ou conservadora quer atacar uma situação tão trágica como é o caso da violência contra mulher e a possibilidade de aborto legal? Por que a direita no Brasil, que, diga-se de passagem, nunca fez uma proposta pró-social quer sempre definir o que as mulheres podem ou não fazer com seu corpo.

Não vai longe, Bolsonaro chegou a afirmar que mulher deveria ganhar menos porque engravida... Tamanho rompante de insanidade reverbera aos aliados do ex-presidente, tal como a proposta de lei que criminaliza a mulher que optar pelo aborto. Deveríamos pautar esse assunto como saúde pública e não como um puxadinho da bancada evangélica ou ainda mais da ala conservadora do governo.

Esse arroubo de loucura quer aumentar ainda mais a dor daquelas que sofreram violência sexual, muitas vezes, dentro da sua própria casa. Essa proposta de lei apenas reforça a ideia de que mulher deve ser submissa, aceitar que mandem em seu corpo, da espaço para maiores agressões e ainda, obriga que a mulher tenha que levar até o final, uma gestação que tanto lhe traumatizou.

Fato que isso só acontece porque são as mulheres quem engravidam, bastava que fosse invertido os papeis para que esse assunto já tivesse apoio de toda direita, que as leis fossem extremamente favoráveis ao aborto e que nem precisasse de discussão para tal.

Creio não ser necessário explicar que mesmo que exista uma lei que permita o aborto, ela não obriga ninguém a fazer, porém, havendo respaldo legal, as garantias de dignidade à mulher, serão levadas em conta.

Precisamos pensar além dessa bolha que turva nossa visão, nosso raciocínio, ou corremos risco de voltarmos à caça as bruxas, a inquisição.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva