Estrutura Social

Estamos à mercê de um colapso social, ou melhor, após a pandemia, houve uma ruptura nesta tão efêmera estrutura social, no qual esquecemos que a vida em sociedade é regida por pactos sociais previamente estabelecidos e estruturados.

Não falo que havia antes uma convivência harmônica e ética, uma vez que existindo desigualdades sociais, jamais teremos harmonia, mas havia talvez um filtro um pouco maior, as pessoas tinham como norte alguns regramentos comuns uns aos outros.

É fato que tais regras não deixaram de existir, porém, aquilo que fazia com que fossem repreendidos impulsos impróprios, aos poucos foi se perdendo e dando lugar a uma ferina bestialidade. As redes sociais, mais do que nunca, foram palco para as mais diversas formas de mentiras e violência, isso tomou o imaginário popular, que por sua vez, reverberava tais atrocidades.

Esta estrutura social adoecida foi morrendo e no lugar foi sendo construída uma máscara de ódio, sob as falas de “na minha época não existia bullying, geração mimimi”, entre outras. Mas o que não se fala é que muitos traumas daquela época da “zueira sem limites” trouxeram marcas profundas e irreversíveis para estes que hoje apontam e que consequentemente se valem de espaços virtuais para destilar mais ódio e que a geração de hoje é reflexo da educação dada por estes mesmos que apontam.

Culminando a tudo isso, temos ainda uma sociedade repleta de desigualdades sociais que só aumentam as formas de desinformação e violência, haja vista tamanha estrutura de trabalho análogo à escravidão, como temos visto. Até quando vamos fazer parte do problema ampliando mentiras, ódio e dissabor à vida? Quando seremos parte da solução?

Porque de nada adianta apontar as corrupções políticas se no nosso dia-a-dia, agimos igual ou pior! Não adianta ficar espantado com as notícias cruéis do nosso cotidiano se temos condutas tão cruéis quanto? Se usarmos nossa capacidade de raciocínio para aumentar este ciclo de ódio, seremos cúmplices de uma estrutura social em ruptura.

Não é o outro que precisa mudar, somos nós, constantemente, com alguém vendo ou não.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva