Estreias da Semana - Nos Cinemas e no Streaming - 13.08.25

A prisioneira de Bordeaux
Com 72 anos de idade e 45 de carreira, a atriz francesa Isabelle Huppert já recebeu os principais prêmios do cinema, como honorário em Berlim, atriz estreante no Bafta, atriz em Cannes, Globo de Ouro e vários de atriz em Veneza, além de ter sido indicada ao Oscar. Versátil, sabe fazer bem comédia, drama e suspense, chegando a participar de cinco filmes num mesmo ano. Um de seus últimos trabalhos estreou nos cinemas brasileiros no último fim de semana, ‘A prisioneira de Bordeaux’ (2024), drama francês exibido na Quinzena dos Realizadores em Cannes. Ao lado de outra grande atriz, a também francesa, mas descendente de algerianos e tunísios Hafsia Herzi (que é uma ótima cineasta, dirigindo quatro anos atrás o excelente ‘A boa mãe’), Huppert exibe charme e vigor nessa obra de olhar feminino sobre o encontro de duas mulheres de classes sociais diferentes, com algo em comum: seus maridos estão presos na mesma cadeia. Isabelle é Alma, uma senhora rica e solitária, que espera a saída do marido da prisão; Hafsia é Mina Hirti, uma jovem mãe solo que viajou longa distância para rever o companheiro atrás das grades, mas que é barrada na visita. Elas se conhecem nesse dia e ficarão juntas pelos próximos dias. A veterana diretora Patricia Mazuy, de ‘Um homem marcado’ (1989), realiza um filme maduro sobre diferenças de classe numa França patriarcal, em que duas mulheres diferentes se aproximam e lutam para ocupar seus espaços de direito. Um filme sensível com bela montagem, um roteiro com surpresas e bons diálogos, além da presença marcante de duas grandes personagens. Nos cinemas pela Autoral Filmes.
Pacto da viola
Escrito e dirigido por Guilherme Bacalhao, o longa brasileiro sobre tradição X modernidade estreia nos principais cinemas brasileiros. Assinado pela produtora 400 Filmes, deu a Wellington Abreu o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília de 2024, e o longa foi exibido em festivais como Chile, Rússia, México, Bélgica e Uruguai. No enredo, Alex (Wellington Abreu), um compositor sertanejo que busca sucesso na carreira musical, volta para a cidade natal, numa pequena comunidade no sertão de Minas Gerais. Lá, a indústria ameaça o meio ambiente. O pai dele, Lázaro (Sérgio Vianna), é um velho músico, membro organizador da Folia de Reis da região. Ao retornar para a cidade depois de longa ausência, Alex ouve histórias sobre o pai, de que ele teria dívidas após um pacto com o diabo, o que leva o rapaz a conhecer mais sobre as tradições da festa religiosa de Folia de Reis. O título do filme faz alusão ao pacto com o diabo e a viola com as tradições culturais do interior do Brasil – e representa a dualidade do velho músico e do filho, um cantor da música sertaneja moderna. Trabalhando temas como espiritualidade, crença e tradições do sertão brasileiro, é uma pequena obra que permite conhecermos a presença da viola e da Folia de Reis na cultura centenária dos rincões do Brasil. A fotografia alternada entre tons claros e escuros remete a essa dualidade de mistério e realidade, real e sobrenatural do contato entre pai e filho que se reencontram.
Diamantes roubados: o golpe do século
Interessantíssimo documentário produzido pela Amblin Entertainment (de Steven Spielberg) em parceria com a Netflix, que o lançou dias atrás na plataforma de streaming. Registra minuciosamente o caso do roubo de diamantes na Antuérpia, ocorrido em 2003, chamado pela mídia de ‘O Assalto do Século’. Com entrevistas de policiais, investigadores, jornalistas e até de membros da meticulosa e destemida organização que fez o assalto, o filme investiga como se deu os preparativos e o ato em si do roubo de diamantes no bairro Schupstraat, que abriga o Centro de Diamantes da cidade belga da Antuérpia, conhecida pela venda de pedras preciosas. O grupo organizou o assalto por dois anos, alugando um escritório no andar de cima do cofre principal do bairro. Entre os dias 15 e 16 de fevereiro de 2003, entraram na sala do cofre, superprotegido por fechaduras com milhões de combinações possíveis, infravermelho, radares e campo magnético. Ou seja, um golpe de mestre. Levaram ainda ouro e joias, num total avaliado em US$ 100 milhões. Uma semana depois quatro pessoas foram presas por integrar o grupo criminoso, cada um especializado num crime, como arrombamento, falsificação de chaves e fechaduras e ataque a sistemas de alarme. A maior parte dos diamantes nunca foi recuperado e até hoje o mistério de seu paradeiro permanece. Um documentário excitante da Netflix, bem conduzido, com uma fotografia de filmes de época e bons depoimentos colhidos que refazem o passo a passo dos criminosos e da polícia.
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