Esse é o segredo?

“Pinte como quiser e morra feliz.”

Henry Miller

Escritor norte-americano (1891-1980)

 

Sabe o que Laura Cardoso, Fernanda Montenegro, Léa Garcia, Tomie Ohtake, Marc Chagall e Pablo Picasso têm em comum? Alguns ainda vivos, outros já falecidos, no entanto com algo significativo que os distingue: o trabalho constante mesmo na velhice. Sim, são famosos. Há inúmeros idosos anônimos, em todo o mundo, que também trabalham até o esgotamento das próprias forças pela sobrevivência física, como também por uma sobrevida interior. Porque é fato que o idoso morre, espiritualmente e literalmente muitas vezes, quando para de trabalhar ou de exercer uma atividade qualquer.

Tomie Ohtake – a grande artista plástica japonesa radicalizada no Brasil – que morreu aos 101 anos de idade, afirmou: “nunca pensei que estaria viva aos cem anos, mas essa idade chegou sem que eu sentisse nada. Só sei que fico feliz pintando”.

“Feliz pintando”, disse Tomie. Esse é o segredo?

Como inserimos no cabeçalho do artigo, o escritor Henry Miller, falecido aos 88 anos de idade, legou-nos esse conceito tão pouco instigado em nossa sociedade materialista: a necessidade de sermos felizes fazendo o que gostamos, nos identificamos, o que nos motiva a vivermos mais, mais felizes, mais presentes, mais intensos e finalmente plenos.

Evidentemente que estamos abordando o universo cultural e artístico, no entanto é estendida a todos, independentemente da profissão ou escolhas. Fundamental é ser feliz. Inclusive na velhice.

Iniciamos um novo canal com os personagens Édith e Charlôt, dois idosos que representam a melhor idade de maneira lúdica, poética e ao mesmo tempo humana, com humor e crítica. Édith e Charlôt foram criados por nós na montagem do espetáculo teatral Nossos Dias Mais Felizes, da Cia da Casa Amarela, que trata justamente do amor e da cumplicidade na velhice. Porém, os dois simpáticos e adoravelmente rabugentos Édith e Charlôt extrapolaram a peça teatral e passaram a ampliar seu alcance junto a adultos e crianças, seja em contações de histórias nas escolas ou nas unidades do Sesc, vídeos, intervenções em eventos em geral etc. Sempre arrancando risos e reflexões do público.

O canal Édith e Charlôt estreou semana passada com vídeos da série O Rio de Janeiro continua lindo?, referente a recente viagem que o casal fez à cidade maravilhosa.

Além do aspecto turístico/histórico/cultural, há um incentivo em se falar do universo dos idosos para ampliar a visão e o entendimento da sociedade sobre a velhice e mais: festejar a vida! E constatar que não há idade ou limitações quaisquer que nos impeçam de viver intensamente.

O pintor russo Marc Chagall, morto aos 97 anos de idade, em plena atividade artística também nos legou uma reflexão importante: “se toda a vida se move inevitavelmente em relação ao fim, então devemos colori-lo com nossas cores de amor e esperança”. Esperança e amor, sim! Reconhecemos que há uma enorme parcela da humanidade não crê mais – ou nunca acreditou – que são esses sentimentos que nos movem, artistas ou não. A existência humana não pode ser uma eterna lamentação e sim uma constante exaltação! Se tudo der certo, todos envelheceremos. Daí a necessidade da escolha entre viver plenamente, independente de tudo, ou desistir, diante de tudo.

Visite as páginas dos velhinhos Édith e Charlôt e acompanhe a saga divertida dos personagens - YouTube: https://www.youtube.com/@EditheCharlot e Instagram: https://www.instagram.com/edith_e_charlot/.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.