Esperando o Dia das Bruxas: Halloween End promete encerrar a franquia

Continuando a onda de terror que domina os cinemas, Halloween Ends, supostamente o último (acredite quem quiser) filme da longeva franquia do assassino psicopata Michael Myers, está em exibição no CineX, no shopping de Catanduva.

Traumatizada (há muitos filmes) pelas mortes das pessoas que amava causadas por Myers, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) escreve um livro sobre sua vida. Ao mesmo tempo, ela conhece Corey (Rohan Campbell), um jovem igualmente traumatizado pela morte de acidental de um garoto; ela crê ser ele namorado ideal para a sua neta.

Ao assumir a franquia Halloween, o diretor David Gordon Green (Halloween Kills: O Terror Continua, 2018) retomou a série a partir do primeiro filme, de 1978, ignorando boa parte das sequências e reboots. Nessa continuação, ele tenta resgatar o lado psicológico (ou paranoico) dos personagens principais. Laurie, que havia morrido no filme de 1998, Halloween H20: Vinte Anos Depois, vive com sua neta, Allyson (Andi Matichak), na mesma Haddonfield do início da série, escreve um livro contando sua história.

Ao fazer esse resgate, no entanto, paradoxalmente, Halloween Ends também tira o foco de Laurie e, estranhamente, do próprio Michael Myers. Eles acabam sendo coadjuvantes os dramas envolvendo Corey, rapaz tímido que trabalha como babá para juntar dinheiro para fazer faculdade e Allyson, que acaba namorando. O drama dele com a morte do garoto que cuidava e matou acidentalmente logo no início do filme, e ela, sobrevivente de Michael Myers, se cruzam de maneira fatal, à medida que ambos são hostilizados pelas pessoas com quem convivem na pequena cidade. Corey e Allyson acabam tomando gosto pela violência e assumem certa crueldade vingativa com a cidade que os maltrata: o rapaz com os jovens ricos que praticavam bullying e o perseguiam, e a moça, enfermeira, prejudicada em seu trabalho na clínica que trabalhava. Corey tem contato com Michael Myers, que vive nos esgotos da cidade, depois que a casa em eu nasceu e os lugares em que viveu internado foram botados abaixo.

Aparentemente, a intenção do filme seria dar uma revitalizada nos personagens da franquia, mas a conhecida música tema da série não deixa dúvida: o astro de Halloween é Michael Myers, que ressurge para deixar ganchos para óbvias continuações, apesar do título. O maior defeito do filme é justamente se esquecer disso: o público quer ver seu assassino de estimação de há décadas, mesmo aparecendo pouco em cenas escuras e com sua típica máscara que, conta a lenda, foi comprada numa loja de fantasias: um rosto de plástico do ator William Shatner (o capitão Kirk de Jornada nas Estrelas, Star Trek), alterada. Para um próximo filme (que, com certeza, virá) apostaria na volta de Michael Myers com mais tempo de tela e em cenas menos escuras e repletas de sangue cenográfico.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.