Escritor Cibernético

A famosa empresa de Bill Gates, a Microsoft, é associada da OpenAI, empresa de tecnologia criada por Elon Musk que trabalha com inteligência artificial. Após quatro anos de desenvolvimento e um bilhão de dólares em investimento, esta empresa lançou recentemente um programa de acesso grátis, o ChaptGPT, que tem a pretensão de responder a qualquer tipo de pergunta que fizerem. É o que se chama de inteligência artificial generativa que pode aprender a criar quase qualquer tipo de conteúdo. Obviamente que o programa se alimenta com o que tem na internet, algo praticamente infinito.

É diferente dos programas de busca como o Google e o Yahoo. Estes, apenas indicam ao internauta endereços eletrônicos onde ele pode encontrar informações a respeito daquilo que procura. O ChaptGPT não. Ele redige respostas. É um competente gerador de textos. O Google já tem o seu, o Alphabet, ainda que menos capacitado. Mas é uma corrida comercial de bilhões. Bill Gates aportará neste ano mais dez bilhões de dólares no projeto.

Perguntado sobre a morte por exemplo, assunto que há muito tempo atormenta filósofos e religiosos, o programa elabora textos que falam sobre a compreensão da vida, aborda a necessidade de sabermos lidar com esta possibilidade e trata ainda de questões éticas relacionadas à eutanásia e suas variantes. O programa gasta algo em torno de dois ou três segundos para responder.

Inovações tecnológicas sempre assustaram a humanidade. Cada vez que algum artefato surge e faz melhor ou mais rápido a tarefa de um ser humano, surgem críticas, opositores ferrenhos e questões morais. O ser humano se recusa a perder o suposto poder do pensamento e da decisão. Na mão de estudantes por exemplo, a questão dos trabalhos escolares seria facilmente resolvida. Na esfera acadêmica, até a publicação de artigos científicos escritos por máquinas tem sido relatada. É a nova era dos plágios. A “polícia” que corra atrás... Outros perigos citados pelos opositores são as notícias falsas e criação de novos vírus de computador.

Os defensores alegam que este tipo de programa livrará o ser humano de tarefas tediosas e proporcionará mais tempo livre para as pessoas. Apontam possíveis progressos na área da medicina (diagnósticos, relatórios), do direito (pareceres jurídicos) e compilação de dados de uma maneira geral. Esta categoria de programas, alimentada com textos de um determinado escritor, tem a capacidade de escrever de forma semelhante ao autor original. Um leitor desavisado poderá confundir a autoria.

Existem grandes invenções que mimetizam algum órgão do ser humano ou do reino animal. Os mísseis imitam o tubarão. A máquina fotográfica imita o olho. Os programas de inteligência artificial certamente serão úteis. Principalmente se puderem ser transplantados...

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.