Erro nosso de cada dia

É inevitável errar ao longo do percurso da vida, por mais que ponderemos situações, tentemos prever ocasiões e reações, o erro faz parte do ser humano e por ser algo impossível de não cometer é que devemos utilizar o mesmo para evoluir, aprender e refinar nossos modos e nosso juízo moral, consequentemente, nos capacitando para que nossa ação seja condizente. 

Como uma pequena curiosidade, Jean Piaget começou a sua ideia acerca da gênese do conhecimento, ou melhor, a sua epistemologia genética observando as respostas das crianças, para ele, mesmo quando a resposta não condizia com o que era esperado, havia uma certa inteligência por trás e isso o motivou a aprofundar cada vez mais neste maravilho mundo que é a mente. 

A partir desta curiosidade, podemos fazer uma certa analogia, por mais pífia que pareça ser, que é: o erro que cometemos tem em si uma ideia estruturada, que passou pela inteligência e resultou numa resposta-ação equivocada. Esta resposta-ação está na ordem da reflexão, não condizendo com impulsos violentos ou errôneos, é necessário ressaltar isso. Mas ambos convergem numa possibilidade de autorregulação ou em alguns casos, na necessidade de apoio especializado para promover a regulação comportamental. 

Por fim, há de ser ressaltado um ponto ainda mais expressivo, que é a capacidade de reconhecer-se como uma pessoa falível e passível de erros e que ao longo dessa jornada humana, iremos errar muito, porém, quando nos colocamos a par dessas falhas existentes no ser humano, torna-se possível reconciliar-se com o erro e reparar os danos, sejam materiais ou psicológicos, embora alguns desses erros tenham outras instâncias a serem reparadas, como nas agressões. 

Aqui vale ressaltar que a pessoa tomada de orgulho dificilmente se reconhecerá como alguém que possa errar, tamanha soberba que o toma. Esse ser humano é o mais necessitado, porém o que menos está disposto a ser ajudado. Tem uma frase do Chico Xavier que diz “quando alguém lhe magoar ou ofender, não retruque. Não responda na mesma forma. Apenas sinta compaixão daquele que precisa humilhar, ofender ou magoar para sentir-se forte”, atitude muito complexa de conseguir, porém, em tempos de ódio sendo propagado até pelas redes sociais, trabalhar a compaixão e a humildade é mais que necessário, é da ordem da evolução humana, tão necessária e ainda tão atrasada. 

 

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva