Epidemia oficializada
A declaração de estado epidêmico de dengue é uma formalidade, normalmente feita por meio de decreto e não resolução, como no caso de Catanduva, mas cujo objetivo é um só: adquirir bens e serviços necessários para o combate à dengue e tratamento dos pacientes sem realizar licitação. É uma forma de agilizar as coisas, sem se complicar com o Tribunal de Contas depois. Inicialmente, a Secretaria Municipal de Saúde chegou a afirmar que decretar estado de emergência em saúde pública, como fizeram outros municípios, não traria vantagem alguma, tendo em vista que o órgão teria se adiantado e se preparado no ano passado para a epidemia que viria. Parece que tal discurso durou pouco tempo, seja pela necessidade de compras que não foram feitas, seja pela intenção de buscar recursos externos para o combate à dengue. Fato é que Catanduva agora está oficialmente em estado epidêmico de dengue – ainda que todo mundo soubesse, mesmo sem estar no papel. Antes a Secretaria de Saúde tivesse agido no ano passado para prevenir a dengue, em vez de, em tese, se preparar para a epidemia tida como inevitável. De qualquer modo, o que se tem hoje são números pra lá de preocupantes: a cidade registrou 816 casos positivos de dengue de 1º de janeiro até 19 de fevereiro, sendo 786 no primeiro mês e 30 em fevereiro, e ainda tem 1.498 exames pendentes, o que poderia elevar o número de confirmações pra mais de 2.300 casos. No ano passado, foram 269 em janeiro e 684 em fevereiro, ou seja, 953 casos, que podem facilmente ser ultrapassados neste bimestre. Não bastando, já foram confirmadas três mortes por dengue este ano e há outra quatro em análise. O ápice, em 2024, foi nos meses de abril, com 1.419 casos positivos, e de maio, com 1.796. Fica a esperança de que as medidas tomadas recentemente, que não existiram no ano passado, surtam efeito e possam barrar o avanço do mosquito, para que ele não faça mais vítimas.
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